O representante de Israel junto das Nações Unidas, Danny Danon, acusou o secretário-geral da organização de "falência moral", após António Guterres ter condenado os ataques aéreos israelitas contra a Síria.

Guterres "continua a expor a sua falência moral. Enquanto membros da comunidade drusa são brutalmente massacrados na Síria, ele opta mais uma vez por permanecer em silêncio", declarou Danon, na rede social X.

O diplomata israelita acusou o ex-primeiro-ministro português de "vilificar Israel", afirmando que o Telavive é o "único [país] que luta ativamente contra as forças do mal" no Médio Oriente.

Danon comparou os confrontos sectários na Síria com os ataques liderados pelo grupo fundamentalista palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023, contra o sul de Israel.

"A ONU não condenou" o grupo palestiniano pelos "horrores de 07 de outubro", alegou o representante israelita, apesar das repetidas condenações públicas por parte das Nações Unidas.

"E agora, após o massacre dos drusos na Síria, o silêncio vergonhoso continua", acrescentou Danon, na quinta-feira à noite.

Horas antes, António Guterres pediu o fim imediato de todas as violações da soberania e da integridade territorial da Síria e admitiu estar alarmado com os confrontos mortais no sul do país.

"O secretário-geral condena os crescentes ataques aéreos de Israel em Sweida, Daraa e no centro de Damasco, assim como os relatos sobre a redistribuição das Forças de Defesa de Israel nos Golã", disse o porta-voz.

Guterres está igualmente alarmado com a contínua escalada de violência em Sweida, uma zona de maioria drusa, no sul do país, onde já morreram centenas de pessoas, acrescentou Stéphane Dujarric, num comunicado.

O português condenou a violência contra civis na Síria, incluindo relatos de assassínios arbitrários e "atos que atiçam as chamas das tensões sectárias e roubam ao povo da Síria a oportunidade de paz e reconciliação após 14 anos de conflito brutal".

O líder da ONU concluiu o comunicado, reiterando a necessidade de apoiar uma transição política credível, ordenada e inclusiva na Síria, em conformidade com as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Israel efetuou na quarta-feira múltiplos ataques na Síria, incluindo dois na capital, Damasco, contra o quartel-general do exército sírio e outro junto ao palácio presidencial.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) relatou também pelo menos dois ataques de aviação israelita contra a cidade de Sweida.

Os ataques israelitas, justificados com o apoio aos drusos, resultaram na morte de 15 soldados e membros das forças de segurança sírias, adiantou a organização não-governamental, com sede em Londres e uma vasta rede de contactos em toda a Síria.

De acordo com o mais recente balanço do OSDH, divulgado na quarta-feira à noite, os confrontos entre as comunidades sírias drusa e sunita em Sweida (sul) fizeram mais de 350 mortos desde o último fim de semana.