Um homem acusado de espiar para Israel foi executado no Irão, revelou hoje a justiça iraniana, apesar dos apelos da sua família e de ativistas que denunciaram um julgamento injusto.

Pedram Madani, de 41 anos, foi enforcado na prisão de Ghezelhesar, na cidade de Karaj, para onde tinha sido transferido da prisão de Evin, em Teerão, no início desta semana.

Madani "espiou para o regime sionista", segundo o 'site' do poder judicial, Mizan Online.

"No final do processo e após o Supremo Tribunal confirmar o veredicto, este foi executado", pode ler-se.

Pedram Madani foi detido em Teerão no ano de 1399 do calendário persa, refere o documento, sem mais pormenores. Esta data corresponde ao período compreendido entre março de 2020 e março de 2021.

Antes da sua detenção, "viajou para o estrangeiro, principalmente para a Alemanha, e beneficiou de formação da Mossad [e] tentou recrutar indivíduos", ainda segundo a justiça iranaian.

Esta é a segunda execução em menos de dois meses por acusações de espionagem para Israel, após a execução, em abril, de um homem descrito como um "espião de alto nível" para Israel e acusado de envolvimento na morte de um oficial iraniano em 2022.

A família e os apoiantes de Pedram Madani têm afirmado consistentemente que o processo foi defeituoso e que não recebeu um julgamento justo.

Horas antes da sua execução, a sua mãe descreveu-o como "um homem que ama o seu país e a sua família" num vídeo publicado na terça-feira pelo grupo de Direitos Humanos do Irão (IHR), sediado na Noruega.

Pedram Madani "foi condenado à morte pelo Tribunal Revolucionário sem acesso a um advogado da sua escolha, após um processo injusto e obscuro orquestrado pelas agências de segurança", denunciou à agência France-Presse (AFP) Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor do IHR.

"Ao executar Pedram Madani e outros que são enforcados diariamente, o único objetivo da República Islâmica é incutir medo na sociedade e encobrir a corrupção generalizada e as falhas sistémicas do regime", acrescentou.

De acordo com o observatório jurídico Dadban, durante um julgamento deste tipo perante um tribunal revolucionário, o acusado é impedido de se defender e o juiz "não tem opção" de arquivar o caso.

Muitos ativistas iranianos também imploraram para que a sua vida fosse poupada, incluindo a vencedora do Prémio Nobel da Paz de 2023, Narges Mohammadi, atualmente em liberdade sob fiança.

"A República Islâmica usa a pena de morte como ferramenta para semear o medo e intensificar a repressão contra a população", frisou Narges Mohammadi, num comunicado em vídeo.

Muitas organizações denunciam um aumento das execuções no Irão com o objetivo de alimentar um clima de medo. Pelo menos 478 execuções foram registadas este ano pela ONG IHR, incluindo mais de 60 enforcamentos nos últimos dez dias.