
Os norte-americanos do Inter Miami e os mexicanos do Monterrey, contra as expectativas, e o Al-Hilal, sem grande surpresa, furaram o 'monopólio' de Europa e América do Sul na fase de grupos dos Mundial de clubes de futebol.
A formação capitaneada pelo argentino Lionel Messi, cuja presença foi muita discutida, já que foi escolhida por ter vencido a fase regular do campeonato dos Estados Unidos (MLS), chegou aos 'oitavos' em prejuízo do FC Porto, que derrotou por 2-1.
Essa vitória, selada com um livre direto perfeito daquele que para muitos é o melhor de sempre, foi a única, em nove jogos, das equipas anfitriãs na fase de grupos, pois o Inter Milão empatou os outros dois jogos, para um total de cinco pontos, enquanto o Los Angeles FC só somou um e o Seattle Sounders ficou a zero.
Messi explica, quase por si só, este feito, ou não fosse a 35.ª vez na carreira, em 35 presenças, em que ultrapassou a fase de grupos de uma competição, depois de cinco no Mundial, sete na Copa América, 19 na Liga dos Campeões, uma na Taça das Ligas, uma no Mundial de sub-20 e ainda uma nos Jogos Olímpicos. Infalível.
O Inter Miami 'furou' as 'odds' frente ao FC Porto, depois de estar a perder por 1-0, e quase fez o mesmo ao Palmeiras, com o qual empatou 2-2, depois de liderar por 2-0, culpa de dois golos nos últimos 10 minutos, isto após um 0-0 na estreia com o Al Ahly.
Se o conjunto comandado por Javier Mascherano surpreendeu no Grupo A, terminando invicto, o Monterrey fez o mesmo Grupo E, ao conseguir 'empatar' Inter Milão (1-1) e River Plate (0-0), antes de selar o apuramento com uma goleada ao Urawa (4-0).
O veterano central espanhol Sergio Ramos foi a 'alma' dos mexicanos, até com um golo aos italianos, num conjunto em que também foram referências dois ex-portistas, o mexicano Jesús Corona e o espanhol Óliver Torres.
A formação comandada pelo espanhol Domènec Torrent acabou no segundo lugar do Grupo E, com cinco pontos, batida pelo Inter Milão, que totalizou sete, mas superando o River Plate, eliminado com quatro, no terceiro posto. O Urawa acabou a zero.
O terceiro conjunto a 'furar' o monopólio euro-brasileiro foi o Al-Hilal, da Arábia Saudita, já orientado nos Estados Unidos por Simone Inzaghi, que comandou com enorme sucesso o Inter Milão entre 2021/22 e 2024/25, num percurso com duas presenças na final da Liga dos Campeões, ainda que perdidas.
Os sauditas empataram com os seus dois adversários do 'velho continente', os espanhóis do Real Madrid (1-1), o clube mais vezes (15) campeão da Europa, e o bem mais modesto Salzburgo (0-0), para, a fechar, superarem os mexicanos do Pachuca (2-0), com João Cancelo e Rúbén Neves no 'onze'.
Inter Miami, Monterrey e Al-Hilal foram as únicas exceções, pois apuraram-se nove dos 12 representantes do 'velho continente', com o Benfica como único clube fora do 'top 5', e quatro dos seis da América do Sul, os brasileiros, já que os dois argentinos, os históricos Boca Juniores e River Plate, 'caíram'.
Entre os europeus, falharam o Atlético de Madrid, ainda que com seis pontos, muito fruto do 0-4 a abrir face aos Paris Saint-Germain, o FC Porto, que acabou como a pior equipa do 'velho continente', e o Salzburgo, claramente o 'elo mais fraco'.
Manchester City foi único com o pleno de triunfo
O Manchester City foi o único clube a conseguir o pleno de vitórias na fase de grupos do renovado Mundial de clubes de futebol, alargado a 32 equipas, ao somar três nos três jogos no Grupo G.
No final de uma época 2024/25 para esquecer, a pior da 'era' Pep Guardiola, apesar de um início com o triunfo na Supertaça inglesa, face ao vizinho United, o City fechou o agrupamento com nove pontos e um saldo positivo de 11 golos (13-2), ao bater sem grandes dificuldades os seus três adversários.
Os 'citizens' começaram por superar os marroquinos do Wydad por 2-0, depois golearam o Al-Ain, dos Emirados Árabes Unidos, por 6-0 e, a terminar, já apurados para os 'oitavos', bateram a Juventus por claros 5-2.
Phil Foden, o norueguês Erling Haaland, o belga Jeremy Doku e o alemão Ilkay Gündogan marcaram todos dois golos na caminhada do City, no qual já foram utilizados os internacionais lusos Matheus Nunes, Bernardo Silva e Rúben Dias.
Além de ter sido a única equipa a somar nove pontos, o Manchester City foi igualmente o melhor ataque da fase de grupos, com mais um golo do que o Bayern Munique, que após o 10-0 ao Auckland City e o 2-1 ao Boca Juniors, perdeu 1-0 com o Benfica.
Os 'encarnados', surpreendentes vencedores do Grupo C, até porque nunca tinham batido os bávaros em jogos oficiais (três empates e 10 derrotas), foram, com esse triunfo, a segunda melhor equipa da fase de grupos.
A formação de Bruno Lage, que tinha começado com um 2-2 face ao Boca Juniors e depois goleou o Auckland City por 6-0, fechou com sete pontos e 9-2 em golos, o melhor registo entre as equipas que também somaram duas vitórias e um empate.
Os outros conjuntos que chegaram aos sete pontos foram o Real Madrid (7-2 em golos), que ganhou o Grupo H, o Flamengo (6-2), vencedor do Grupo D, o Inter Milão (5-2), primeiro do Grupo E, e o Borussia Dortmund (5-3), líder do Grupo F.
Com seis pontos, seguiram em frente Bayern Munique (12-2 em golos), Juventus (11-6), Paris Saint-Germain (6-1), Chelsea (6-3) e Botafogo (3-2), enquanto o Atlético de Madrid (4-5) foi a única equipa com essa pontuação a 'cair'.
Os 'colchoneros' ficaram empatados pontualmente com o Paris Sain-Germain e o Botafogo, mas perderam no confronto direto, pelos golos, muito por culpa de terem sofrido uma goleada por 4-0 face aos novos campeões da Europa na estreia.
Para Monterrey (5-1 em golos), Fluminense (4-2), Palmeiras (4-2), Al Hilal (3-1) e o anfitrião Inter Miami (4-3) bastaram cinco pontos.
No lado oposto, as piores equipas foram os japoneses do Urawa (2-9 em golos), os marroquinos do Wydad (2-8), anfitriões do Seattle Sounders (2-7), os mexicanos do Pachuca (2-7) e os sul-coreanos do Ulsan (2-6), que terminaram sem pontos, com três derrotas em três jogos.
Do '8' do FC Porto ao '80' do Benfica
As duas equipas portuguesas presenças no renovado Mundial de clubes de futebol tiveram prestações antagónicas na fase de grupos, do '8' do eliminado FC Porto ao '80' do qualificado Benfica.
Num grupo teoricamente mais fácil, com Palmeiras, Inter Miami e Al Ahly, do Egito, os 'dragões' foram terceiros, sem vitórias, enquanto, num grupo que 'não tinham' hipóteses de ganhar, com Bayern Munique, Boca Juniors e Auckland City, as 'águias' acabaram em primeiro, sem derrotas.
Desta forma, o argentino Martín Anselmi ganhou, tudo indica, 'guia de marcha' do comando dos 'dragões', depois de escassos 21 jogos (10 vitórias, seis empates e cinco derrotas, com 32-25 em golos), que não deixaram saudades aos adeptos 'azuis e brancos'.
Pelo contrário, Bruno Lage ganhou alguma margem de manobra, num período muito complicado no Benfica, com eleições à porta e muita contestação, como sempre acontece no clube da Luz quando faltam os títulos -- a Taça da Liga 'não conta'.
Os 'encarnados' saíram da fase de grupos pela 'porta grande' e os 'dragões' pela pequena, mas a primeira jornada até parecia indicar o contrário, com os empates de ambos.
Os portistas conseguiram um 'nulo' com o Palmeiras, aquele que era o seu adversário teoricamente mais perigoso, e as 'águias' quase foram derrotadas pelo Boca, o anunciado concorrente direto ao segundo lugar - o primeiro parecia entregue aos bávaros.
A formação argentina chegou a liderar por 2-0, com um autogolo de Otamendi (21 minutos) e um tento de Rodrigo Battaglia (27), com o Benfica a reduzir num penálti de Di María (45+3), mas, depois, a ficar com 10, por expulsão de Belotti (72).
Com menos um jogador, a perder, pouco tempo para jogar e a iminência de uma derrota que podia encaminhar a eliminação, valeu a 'redenção' de Otamendi, que fez o 2-2 aos 84 minutos, de cabeça, na sequência de um canto apontado pelo turco Kökçü.
Para o FC Porto, a segunda jornada foi fatal, já que até começou bem o jogo com o Inter Miami, adiantando-se com um penálti do espanhol Samu, aos oito minutos, mas, depois de falhar várias ocasiões a fechar a primeira parte, permitiu a reviravolta.
O venezuelano Telasco Segovia, ex-Casa Pia, aos 47 minutos, e um livre direto do argentino Lionel Messi, que muitos apelidam como 'G.O.A.T.', aos 54, deram o triunfo aos norte-americanos e deixaram o FC Porto dependente de outros para seguir em frente.
Por seu lado, o Benfica conseguiu uma esperada goleada, face aos neozelandeses do Auckland City, que vinham de um 0-10 com o Bayern. Di María, com mais dois penáltis, Pavlidis, Renato Sanches e um 'bis' de Leandro Barreiro escreveram o 6-0.
O Grupo A, o do FC Porto, fechou primeiro e, como anunciado, os 'dragões' foram eliminados, pois precisavam de ganhar ao Al Ahly e que o Inter Miami batesse o Palmeiras e nem o seu trabalho fizeram, ao empatarem a quatro com os egípcios.
Num jogo em que permitiram mais de uma dezena de ocasiões claras e estiveram a perder por 1-0, 2-1, 3-2 e 4-3, os 'azuis e brancos' acabaram por responder sempre aos golos do adversário, três deles do palestiniano Wessam Abou Ali, por Rodrigo Mora, William Gomes, Samu e Pepê, este último já aos 89, a evitar penosa derrota.
Poucas horas depois de o FC Porto bater no 'fundo' na terceira ronda, o Benfica subiu ao 'céu', ao conseguir o que não parecia provável, a primeira vitória de sempre sobre o Bayern Munique em jogos oficiais, após três empates e 10 derrotas.
Um golo de Andreas Schjelderup, aos 13 minutos, selou o histórico triunfo aos 'encarnados', face a um Bayern, que, já apurado, fez poupanças de início, mas lançou os principais craques para a segunda parte, em busca de ainda salvar a vitória no Grupo C -- o guarda-redes Trubin não deixou.
Desta forma, o FC Porto já está em Portugal, em convulsão, e com Martín Anselmi na porta de saída, enquanto o Benfica permanece em Charlotte, onde sábado vai disputar os 'oitavos', com o Chelsea, com o qual perdeu os três jogos disputados -- também nunca tinha batido o 'gigante' alemão.