A organização não-governamental Human Rights Watch alertou esta sexta-feira que o congelamento da ajuda externa norte-americana pode agravar as condições de vida nos campos que acolhem familiares de presumíveis extremistas do grupo Estado Islâmico na Síria.
A organização com sede nos Estados Unidos refere-se aos campos e prisões localizados no nordeste da Síria, controlados pelas forças curdas.
Pouco depois da tomada de posse, a 20 de janeiro, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva congelando praticamente toda a ajuda internacional durante 90 dias.
A Administração norte-americana emitiu posteriormente algumas isenções, como a ajuda alimentar de emergência.
Mesmo assim, as organizações humanitárias afirmam que o impacto deste congelamento já está a ser sentido por algumas das populações mais vulneráveis.
Os campos e prisões sob o controlo das autoridades curdas no nordeste da Síria mantêm detidos mais de 56 mil suspeitos de ligações ao grupo Estado Islâmico que foi derrotado em 2019 por uma coligação internacional.
"A suspensão pelo Governo norte-americano da ajuda externa às organizações não-governamentais que operam nestes campos agrava as condições de vida já críticas, arriscando-se a desestabilizar ainda mais uma situação de segurança precária", alertou a HRW.
O congelamento da ajuda pode limitar a prestação de serviços essenciais às pessoas que se encontram nos campos, acrescentou a HRW.
As ONG que prestam ajuda são deixadas na incerteza sobre como proceder com as entregas de bens essenciais agravando ainda mais a escassez já existente, refere o comunicado da organização.
Na sequência do decreto de congelamento da ajuda, a HRW afirmou que a Blumont, uma organização responsável pela gestão dos campos de Al-Hol e Roj, suspendeu as atividades e retirou todo o seu pessoal, incluindo os guardas e elementos de segurança.
Alguns dias mais tarde, o grupo recebeu meios para duas semanas.
Al-Hol é o maior campo do nordeste do país, com mais de 40 mil detidos de 47 países.
A maioria dos habitantes de Al-Hol e Roj são mulheres e crianças que vivem em condições deploráveis, alertou a HRW.
A ONG norte-americana afirmou ainda que qualquer acordo político na região deve incluir o fim da detenção arbitrária de pessoas com alegadas ligações ao Estado Islâmico e familiares.