
O grupo extremista palestiniano Hamas manifestou-se hoje disponível para um acordo com Israel que leve ao fim da guerra em Gaza, mas sem aceitar uma proposta norte-americana para uma trégua imediata de 60 dias.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na terça-feira que Israel concordou com os termos de um cessar-fogo de 60 dias em Gaza e apelou ao Hamas para aceitar o acordo antes que as condições se agravem.
Numa curta declaração, um alto funcionário do Hamas, Taher al-Nunu, respondeu que o grupo que controla Gaza desde 2007 está "pronto e sério em relação a chegar a um acordo", segundo a agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).
O Hamas está "pronto a aceitar qualquer iniciativa que conduza claramente ao fim total da guerra", acrescentou, no entanto, insistindo na posição de longa data de que qualquer acordo ponha fim ao conflito em Gaza.
"Estamos a demonstrar um elevado sentido de responsabilidade e estamos a realizar consultas nacionais para discutir as propostas que nos foram enviadas pelos irmãos mediadores", disse o Hamas, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
Trata-se de chegar "a um acordo que garanta o fim da agressão, a retirada [israelita] e a ajuda urgente ao nosso povo na Faixa de Gaza", disse ainda, de acordo com a AFP.
"Os mediadores estão a fazer esforços intensos para reduzir as diferenças entre as partes, chegar a um acordo-quadro e iniciar uma ronda de negociações sérias" para pôr fim ao conflito, acrescentou, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press.
Uma delegação do Hamas deverá reunir-se hoje com mediadores egípcios e do Qatar no Cairo para discutir a proposta, de acordo com um funcionário egípcio, que falou à AP na condição de não ser identificado.
Ao longo dos quase 21 meses de guerra, as conversações sobre o cessar-fogo entre Israel e o Hamas têm falhado repetidamente sobre se a guerra deve terminar como parte de qualquer acordo.
O Hamas afirmou que estava disposto a libertar os restantes 49 reféns, menos de metade dos quais estarão vivos, em troca de uma retirada total de Israel de Gaza e do fim da guerra.
Israel disse que só aceitará acabar com a guerra se o Hamas se render, desarmar e se exilar, algo que o grupo se recusa a fazer.
Um funcionário israelita afirmou que a última proposta prevê um acordo de 60 dias que incluiria uma retirada parcial de Israel de Gaza e um aumento da ajuda humanitária ao território.
Os mediadores e os Estados Unidos dariam garantias sobre as conversações para acabar com a guerra, mas Israel não está a comprometer-se com isso como parte da última proposta, disse a mesma fonte à AP.
Israel ainda não comentou publicamente o anúncio de Trump, que deverá receber o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na segunda-feira, em Washington.
A atual guerra na Faixa de Gaza, um enclave palestiniano com mais de dois milhões de habitantes, começou em outubro de 2023, após um ataque do Hamas contra Israel que causou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
A ofensiva militar israelita que se seguiu ao ataque provocou mais de 57.000 mortos em Gaza, a destruição de grande parte das infraestruturas do território e uma crise na assistência da população, que se viu privada de ajuda alimentar e médica.
Das 251 pessoas raptadas em Israel em outubro de 2023, 49 continuavam detidas em Gaza, mas 27 delas foram declaradas mortas pelo exército israelita.
O Hamas é considerado uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.