O Hamas entregou esta quinta-feira os corpos de quatro reféns israelitas, entre os quais de duas crianças, à Cruz Vermelha, que apelou anteriormente à privacidade e dignidade neste momento. Ainda assim, antes de os entregar, o movimento islamita palestiniano exibiu os quatro caixões num palco para milhares de pessoas que estavam a assistir.

Os militantes do Hamas fizeram-se acompanhar de combatentes da Jihad Islâmica e das Brigadas Mujahideen.

Na quarta-feira, o Comité Internacional da Cruz Vermelha apelou à privacidade e dignidade no momento da entrega dos corpos: "Temos de ser claros: qualquer tratamento degradante durante as operações de libertação é inaceitável."

Ainda assim, esta quinta-feira o Hamas exibiu os quatro caixões num palco montado em Khan Younes, no sul da Faixa de Gaza, cada um com a fotografia dos reféns israelitas, e milhares de pessoas assistiram ao momento.

Numa faixa, lia-se a mensagem: "O criminoso de guerra [Benjamin] Netanyahu e o seu exército nazi mataram-nos com mísseis de aviões sionistas".

Jehad Alshrafi

Os quatro corpos incluem os de Shiri Bibas, argentina, e dos dois filhos, Ariel e Kfir, que teriam agora 5 e 2 anos. Kfir foi o refém mais jovem raptado a 7 de outubro, quando tinha apenas 9 meses de idade, no Kibbutz Nir Oz, localizado a pouco mais de um quilómetro da fronteira com Gaza.

Em novembro de 2023, o braço armado do Hamas afirmou que os três tinham sido mortos em bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, o que Israel não pôde confirmar.

O pai das crianças, o israelita Yarden Bibas, foi libertado com vida a 1 de fevereiro, após 16 meses de cativeiro.

O quarto corpo libertado é o do refém israelita Oded Lifshitz, de 84 anos, um ativista pela paz que transportava residentes de Gaza que sofriam de crancro para hospitais israelitas. Foi raptado juntamente com a sua mulher durante o ataque de 7 de outubro de 2023, também do kibutz Nir Oz.

A mulher de Lifshitz, Yocheved, foi libertada durante a primeira trégua da guerra, em novembro de 2023, quando 105 reféns (incluindo todos os menores vivos) foram libertados em troca de 240 prisioneiros e detidos palestinianos.

O exército israelita disse que recebeu os restos mortais dos quatro reféns que o grupo islamita palestiniano Hamas entregou à Cruz Vermelha na Faixa de Gaza.

As autoridades israelitas vão realizar testes de ADN para identificar os restos mortais, um processo que pode demorar até dois dias.

Netanyahu fala em "dia perturbador"

Oprimeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, previu na quarta-feira que este seria um "dia perturbador" para Israel.

"Amanhã [quinta-feira] será um dia muito difícil para o Estado de Israel, um dia de tristeza, um dia de luto. Estamos a trazer para casa quatro dos nossos queridos reféns, mortos."

Para sábado, está prevista a libertação de outros seis reféns israelitas, entre os quais um cidadão com nacionalidade portuguesa, segundo o presidente da Comunidade Israelita do Porto.

Segunda fase da trégua em risco?

No 16.º dia após a entrada em vigor da trégua, já no início de fevereiro, deveriam ter começado as negociações indiretas entre Israel e o Hamas, o que ainda não aconteceu.

Os termos da segunda fase da trégua, que deverá pôr definitivamente termo à guerra e libertar todos os reféns, devem ser acordados até 2 de março.

Depois, se a segunda fase correr como planeado, a terceira e última fase do acordo centrar-se-á na reconstrução de Gaza.


- Com Lusa