O movimento islamita palestiniano Hamas anunciou esta terça-feira um acordo para que Israel liberte centenas de prisioneiros palestinianos que deveria ter libertado no sábado, o que será feito "em simultâneo" com a próxima entrega de corpos de reféns israelitas.

O Hamas anunciou o acordo num comunicado publicado nos seus canais, precisando que uma delegação do movimento, liderada por Khalil al Hayya, reuniu-se no Cairo com responsáveis egípcios com quem discutiu "a implementação do cessar-fogo, a troca de prisioneiros e as perspetivas para a segunda fase das negociações" com Israel. O Hamas refere que foi alcançado um acordo para "resolver a questão do adiamento da libertação de prisioneiros palestinianos que deveriam ter sido libertados na última etapa".

Até ao momento, as autoridades israelitas não confirmaram as informações do movimento palestiniano.

Deveriam ter sido libertados das prisões israelitas no passado sábado 620 detidos palestinianos, depois de o Hamas ter libertado de Gaza seis reféns israelitas e entregue os corpos de mais quatro. De acordo com o comunicado, os prisioneiros palestinianos serão "libertados em simultâneo com os corpos dos prisioneiros israelitas que foram acordados para serem entregues durante a primeira etapa" da trégua, que termina no próximo fim de semana e antes do final da qual o Hamas deverá ainda entregar mais quatro corpos.

"A delegação da liderança do movimento enfatizou a sua posição clara sobre a necessidade de um compromisso total e preciso com todas as suas disposições e etapas", disse o Hamas sobre as negociações. A próxima entrega pelo Hamas de corpos de reféns israelitas estava inicialmente prevista para esta quinta-feira.

Após a libertação dos seis reféns israelitas e a entrega dos quatro corpos, Israel deveria libertar 620 prisioneiros e detidos palestinianos no sábado, 445 dos quais foram detidos em Gaza após o ataque do Hamas a Israel, a 07 de outubro de 2023.

No entanto, na manhã de domingo, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou que a libertação dos prisioneiros palestinianos seria adiada até que estivesse garantida "a libertação dos próximos reféns, e sem cerimónias degradantes".

Israel criticou o Hamas por obrigar os israelitas, após 16 meses de cativeiro, a subirem a um palanque, onde geralmente cumprimentam o público de Gaza e são obrigados a fazer um discurso. A entrega dos quatro corpos na passada quinta-feira, incluindo os filhos da família Bibas, foi também transmitida em direto e os seus caixões foram colocados numa plataforma. O corpo de Shiri Bibas, a sua mãe, de origem argentina, foi devolvido um dia depois, uma vez que o Hamas tinha inicialmente entregado o corpo de uma mulher de Gaza.

As negociações da segunda fase do acordo de cessar-fogo entre os mediadores --- Qatar, Egito e Estados Unidos --- com o Hamas e Israel têm vindo a arrastar-se. No próximo sábado, 01 de março, segundo o texto do acordo de tréguas, a primeira fase estará concluída após a última troca de reféns por prisioneiros palestinianos.

Um alto funcionário do Hamas disse hoje à agência Associated Press (AP) que o grupo militante tinha "cumprido integralmente todas as disposições dos acordos" e que o atraso poderia causar o colapso do cessar-fogo.

O Presidente israelita Isaac Herzog sublinhou hoje a importância de serem devolvidos os restantes 63 reféns, entre os quais se contam cerca de 30 mortos. "Não vou descansar nem ficar em silêncio até que todos estejam em casa", prometeu Herzog.