O braço armado do Hamas vai adiar, até nova ordem, a libertação de mais reféns israelitas prevista para o próximo sábado. A informação está a ser avançada por um porta-voz do Hamas na rede social Telegram e, entretanto, oficializada. Israel já reagiu.

No último sábado, dia 8, realizou-se sem sobressaltos a quinta troca de reféns e prisioneiros desde o início do cessar-fogo no passado dia 19 de janeiro.

E hoje, segunda-feira, dia em que deveriam arrancar as negociações sobre a segunda fase das tréguas, o Hamas informa que vai ser adiada a próxima libertação de reféns.

Devido às “violações inimigas” dos termos do acordo de cessar-fogo, "a entrega dos prisioneiros sionistas, cuja libertação estava prevista para o próximo sábado, 15 de fevereiro de 2025, será adiada até nova ordem", confirmou, entretanto, o Hamas, em comunicado.

A reação de Israel não demorou. Após este anúncio do Hamas, Israel fala num “violação total” da trégua e o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, já informou que deu instruções às forças armadas para se prepararem para ”o mais alto nível de prontidão" e para defenderem as comunidades israelitas.

Desde a entrada em vigor do cessar-fogo, as duas partes procederam a cinco trocas, libertando 21 reféns e mais de 730 prisioneiros.

Sinais de “perigo”

Apesar de a troca se ter realizado sem incidentes no passado sábado, um membro do gabinete político do movimento islamita palestiniano avisou, nesse mesmo dia, que o cessar-fogo "está em perigo" e “pode colapsar”.

A verdade é que ainda não arrancaram as negociações sobre a segunda fase das tréguas.

Em declarações à agência France-Presse (AFP), Bassem Naïm acusou Israel de "procrastinação" na implementação da primeira fase do acordo de cessar-fogo, com uma duração de seis semanas e em vigor desde 19 de janeiro.

Esta situação, alertou, coloca o acordo "em perigo e pode levar ao seu colapso".

O apelo da ONU

Os três reféns libertados
Os três reféns libertados HAITHAM IMAD/Lusa

O Gabinete dos Direitos Humanos da ONU apeloua Israel e ao Hamas para que "tratem humanamente os reféns e os prisioneiros", após constatar o estado dos três homens israelitas libertados no fim de semana.

"As imagens que vimos dos reféns mostram sinais de maus tratos e de desnutrição grave, refletindo as condições terríveis a que foram sujeitos em Gaza", afirmou o porta-voz do gabinete da ONU, Thameen Al-Kheetan, num comunicado.

"Estamos também profundamente preocupados com o desfile público dos reféns libertados pelo Hamas em Gaza, incluindo declarações aparentemente feitas sob coação durante a libertação", acrescentou.

O porta-voz manifestou igualmente a preocupação do gabinete dirigido pelo alto-comissário Volker Türk em relação às más condições e aos maus tratos infligidos aos palestinianos libertados por Israel.

"Recordamos a todas as partes em conflito que a tortura e outras formas de maus tratos infligidos a pessoas protegidas constituem crimes de guerra e que os seus autores devem ser condenados a penas proporcionais à gravidade da sua conduta", afirmou Al-Kheetan.

"O Hamas deve libertar imediata e incondicionalmente todos os reféns e Israel deve fazer o mesmo com todas as pessoas detidas arbitrariamente", concluiu o porta-voz.

Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas estão no meio de um cessar-fogo de seis semanas, durante o qual se prevê que o Hamas liberte dezenas de reféns capturados no ataque de 7 de outubro de 2023 em troca de quase 2.000 prisioneiros palestinianos.

Com LUSA