
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, estará no Bangladesh de 13 a 16 de março a propósito das celebrações do Ramadão e irá encontrar-se com refugiados do povo Rohingya, anunciou esta quinta-feira o seu porta-voz.
Stéphane Dujarric recordou que todos os anos, no período do Ramadão, Guterres faz uma visita solidária e jejua com uma comunidade muçulmana ao redor do mundo, sendo o Bangladesh o destino de 2025.
Ainda de acordo com o porta-voz, o líder da ONU viajará para a cidade de Cox's Bazar, na costa sudeste de Bangladesh, para participar num 'iftar', a quebra do jejum diário durante o mês do Ramadão, e encontrar-se com refugiados Rohingya, que foram deslocados à força das suas casas em Myanmar, assim como com as comunidades anfitriãs "que foram tão generosas em hospedar os refugiados".
Durante a sua visita, Guterres estará também em Daca, capital do país, onde se encontrará com o conselheiro chefe do Governo interino, Muhammad Yunus, assim como com jovens e representantes da sociedade civil, acrescentou Dujarric.
Guterres começou a tradição de visitar e jejuar com uma comunidade muçulmana que enfrenta dificuldades quando ainda era alto comissário da ONU para os Refugiados.
"Essas missões lembram ao mundo a verdadeira face do Islão. E saio sempre ainda mais inspirado pela notável sensação de paz que preenche esta temporada. Neste Mês Sagrado, sejamos todos elevados por esses valores e abracemos a nossa humanidade comum para construir um mundo mais justo e pacífico para todos", disse o secretário-geral numa mensagem difundida algumas horas do anúncio da viagem.
António Guterres enviou uma mensagem de "calorosos votos" aos muçulmanos que celebrarão o Ramadão e recordou o sofrimento daqueles que estão em zonas de conflito, como Gaza, Sudão ou Sahel.
"O Ramadão incorpora os valores de compaixão, empatia e generosidade. É uma oportunidade de se reconectar com a família e a comunidade. Uma chance de lembrar os menos afortunados. A todos aqueles que passarão este tempo sagrado no meio do deslocamento e violência, desejo expressar uma mensagem especial de apoio", começou por dizer Guterres.
Na sua mensagem, o líder da ONU admitiu que os seus pensamentos estão com todos aqueles que "estão a sofrer, de Gaza e da região mais ampla, ao Sudão, ao Sahel e além".
Milhares de milhões de muçulmanos em todo o mundo começam o Ramadão
Milhares de milhões de muçulmanos em todo o mundo, incluindo algumas dezenas de milhar em Portugal, deverão iniciar na sexta-feira o Ramadão (ou quando for avistada a Lua Nova), o seu mês sagrado de jejum.
Trinta dias depois, a visualização da Lua nova seguinte marcará o fim deste período durante o qual desde a puberdade os seguidores do islamismo -- exceto os muito idosos, as grávidas ou menstruadas, os doentes e os viajantes - estão obrigados a não comer e beber entre o amanhecer e o anoitecer.
O jejum no nono mês do calendário muçulmano, baseado no ciclo lunar, é considerado um dos cinco pilares do Islão. De acordo com a tradição islâmica, foi neste mês que Deus revelou o livro sagrado desta religião, o Corão, ao profeta Maomé.
O Islão é segunda maior religião do mundo, seguida por cerca de 25% da população mundial. Em Portugal, os muçulmanos serão "mais de 50 mil", representando os sunitas "entre 80 a 90%" dos crentes.
Com LUSA