"Sim, o Governo tem conhecimento", disse o porta-voz do Governo de Moçambique, Inocêncio Impissa, numa conferência de imprensa em Maputo, respondendo a perguntas de jornalistas sobre a ocorrência de novos ataques em Cabo Delgado.

"O Governo tem estado a controlar através das Forças de Defesa e Segurança moçambicanas, por um lado, e por outro lado, [com] as forças amigas do Ruanda. E tem estado a conseguir controlar", frisou Inocêncio Impissa.

Cabo Delgado tem sido novamente palco de ataques armados associados ao grupo extremista Estado Islâmico, que invade aldeias, matando civis e saqueando bens.

O executivo moçambicano, que tem apoio militar das Forças Armadas do Ruanda, apontou como indicativo de segurança e tranquilidade na província de Cabo Delgado a passagem da chama da unidade, sobretudo na localidade de Awasse, no distrito de Mocímboa da Praia, e no distrito de Macomia, antes palcos de sucessivos ataques de grupos terroristas.

O Presidente moçambicano lançou em 07 de abril a chama da unidade nacional, que partiu em marcha no distrito de Nangade, em Cabo Delgado, devendo percorrer todo o país até chegar a Maputo, em 25 de junho, culminando com as celebrações dos 50 anos de independência.

"Temos estados a ver imagens ao vivo, em presença, então dá para ver uma moldura humana posicionada, dançando e cantando e por aí. Para nós aquele é o balanço da situação de segurança", disse Impissa.

"E se a situação naqueles lugares estivesse quente, muito quente, não teríamos nem a passagem da chama da unidade, nem sequer a população naquela moldura a acompanhar a passagem da chama", acrescentou.

 O ataque de grupos armados em aldeias do distrito de Ancuabe, na província moçambicana de Cabo Delgado, entre 31 de março e 02 de abril, causou quase 1.500 deslocados, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

De acordo com o mais recente relatório daquela agência das Nações Unidas, "os ataques e o aumento do medo de violência" por parte destes grupos insurgentes levaram à fuga de 490 famílias das aldeias de Nonia e Mihegane, totalizando 1.473 pessoas deslocadas, sendo mais da metade (56%) crianças.

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada.

O último grande ataque deu-se de 10 e 11 de maio de 2024, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.

 

PME (LYCE) // JMC

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