O governo britânico anunciou esta terça-feira a decisão de investir, com algumas empresas, na futura central nuclear britânica de Sizewell C, no leste de Inglaterra, que custará cerca de 38 mil milhões de libras (quase 45 mil milhões de euros).

Esta futura central é um projeto fundamental para a segurança energética britânica e o governo britânico está a "fazer os investimentos necessários para inaugurar uma nova era dourada para a energia nuclear", garantiu o secretário da Energia, Ed Miliband, em comunicado.

O governo será o maior acionista: quase 45%

Londres já destinou quase 18 mil milhões de libras a este projeto e tem vindo a trabalhar nos bastidores há meses para procurar parceiros privados adicionais e garantir financiamento para um custo que aumentou pelo menos oito mil milhões de libras, em comparação com as estimativas iniciais.

O governo será o maior acionista, com 44,9%, à frente da Caisse de dépôt et placement du Québec (CDPQ, 20%), do grupo de energia britânico Centrica (15%) e do fundo de investimento britânico Amber Infrastructure (7,6%). A empresa pública francesa de energia EDF já tinha anunciado a sua participação, de 12,5%, no início deste mês.

Desde o início da guerra na Ucrânia, Londres intensificou os seus esforços para se desfazer dos hidrocarbonetos e fez da energia nuclear uma das suas prioridades.

Esta é também uma forma de atingir as suas ambições climáticas, complementando os imensos parques eólicos que estão a ser construídos no mar.

Sizewell C: 20% mais barato que Hinkley Point C

A Sizewell C, que incluirá a construção de dois reatores nucleares EPR de nova geração, está a ser liderada pelo grupo francês, que já gere a antiga frota nuclear do Reino Unido e está a construir simultaneamente outra central nuclear - Hinkley Point C -, no sudoeste de Inglaterra.

O preço de 38 mil milhões de libras anunciado esta terça-feira representa um aumento acentuado em relação à estimativa oficial anterior, de entre 20 mil milhões e 30 mil milhões de libras (que muitas fontes consideraram desatualizada).

Contudo, o governo britânico defende que se trata de um investimento 20% menor do que Hinkley Point C.

Subsídio público no Sizewell C provoca críticas

Embora a EDF detenha 72,6% de Hinkley Point C, foramlevantadascríticas no Reino Unido, apontando para a excessiva proporção de financiamento que será suportado pelo contribuinte britânico para a nova central de Sizewell C.

Mas em França, onde a revitalização do setor foi aprovada pelo governo, as despesas da EDF, uma empresa 100% pública, estão a ser acompanhadas de perto.

As somas astronómicas e as derrapagens orçamentais associadas aos projetos nucleares da empresa no Reino Unido já estão a provocar algumas críticas.