Cerca de dois meses e meio depois das eleições legislativas, França tem finalmente um novo Governo. Foi anunciado este sábado, na escadaria do Palácio do Eliseu, quem vai fazer parte do executivo do primeiro-ministro Michel Barnier (partido republicano).
A tendência da equipa governamental inclina-se claramente para a direita, a família política de onde vem Barnier. Assim, sem grandes surpresas, os ministérios são essencialmente ocupados por macronistas, enquanto os republicanos dominam entre os secretários de Estado e os vice-ministros [pode consultar a lista no final do artigo].
Destacam-se nomes como Antoine Armand que, com 33 anos, é licenciado pela melhor escola de administração pública de França (a mesma de Macron) e será o ministro das Finanças; Bruno Retailleau, conhecido pelas suas posições duras sobre a imigração, que será ministro do Interior; ou ainda Jean-Noël Barrot, aliado de Macron, filho do antigo comissário europeu Jacques Barrot, que será ministro dos Negócios Estrangeiros.
O novo ministro das Forças Armadas, Sébastien Lecornu, leal ao chefe de Estado, é um dos poucos a manter o cargo e o seu Ministério será dos únicos a beneficiar de um orçamento com mais dinheiro. Rachida Dati, uma figura que divide opiniões à direita, também mantém a sua pasta como ministra da Cultura.
A única figura da esquerda é o novo ministro da Justiça, Didier Migaud, um antigo socialista afastado da política ativa e desconhecido do público em geral.
Depois de o secretário-geral do Palácio do Eliseu, Alexis Kohler, ter revelados os nomes, Michel Barnier publicou na rede social X (antigo Twitter): “Uma equipa! Agora vamos ao trabalho!”.
Ainda mal tinha sido anunciada por Alexis Kohler, a nova equipa começou a ser contestada duramente pela oposição.
Para Jordan Bardella, líder do Reagrupamento Nacional, partido de extrema-direita, este Governo “representa o regresso do macronismo” e “não tem futuro”.
No outro extremo, o líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon — cujo movimento, França Insubmissa, faz parte da coligação maioritária de esquerda na Assembleia Nacional Nova Frente Popular — apelou a que os franceses se “livrem o mais rapidamente possível” deste executivo.
O anúncio acontece no mesmo dia em que milhares de franceses se manifestaram na Praça da Bastilha, em Paris, pela destituição do Presidente francês e contra a nomeação do primeiro-ministro, cujo partido foi apenas o quarto mais votado nas eleições.
Agora, o Presidente Emmanuel Macron vai reunir o Governo para um primeiro Conselho de Ministros, no Eliseu, na segunda-feira às 15h.
Eis a lista completa de nomes:
- Antoine Armand, Ministro da Economia, das Finanças e da Indústria
- Didier Migaud, Ministro da Justiça
- Sébastien Lecornu, Ministro das Forças Armadas e dos Veteranos
- Bruno Retailleau, Ministro do Interior
- Jean-Noël Barrot, Ministro dos Negócios Estrangeiros
- Anne Genetet, Ministra da Educação
- Geneviève Darrieussecq, Ministra da Saúde e do Acesso aos Cuidados
- Paul Christophe, Ministro dos Assuntos Sociais
- Annie Genevard, Ministra da Agricultura e da Soberania Alimentar
- Agnès Pannier-Runacher, Ministra da Transição Ecológica e da Energia
- Guillaume Kasbarian, Ministro da Função Pública
Maud Bregeon, Porta-voz do Governo - Laurence Garnier, Ministra do Consumo
- Paul Christophe, Ministro da Solidariedade
- Astrid Panosyan-Bouvet, Ministra do Trabalho, do Emprego e da Integração
- Patrick Hetzel, Ministro do Ensino Superior e da Investigação
- François Noël Buffet, Ministro do Primeiro-Ministro para o Ultramar
- Gil Avérous, Ministro do Desporto, da Juventude e do Voluntariado
- Valérie Létard, Ministra da Habitação e da Renovação Urbana
- Sophie Primas, Ministra do Comércio Externo
- Agnès Canayer, Ministra da Família e da Primeira Infância
- Marc Ferracci, Ministro da Indústria