O retrato é misterioso e estava escondido debaixo de uma das mais famosas obras do período azul de Pablo Picasso. Não se sabe quem é ou quando foi feita... sabe-se apenas que o artista pintou por cima o retrato do amigo Mateu Fernández de Soto em 1901.
A descoberta só chegou quase 125 anos depois. Os contornos originais foram revelados pelos investigadores do Courtauld Institute of Art através do uso de raio-x e infravermelhos.
O diretor-adjunto da Courtauld Gallery, Barnaby Wright, explicou à CNN que a obra “surgiu literalmente diante dos nossos olhos, peça por peça”. A ideia de que haveria algo por trás não era completamente descabida, uma vez que as pinceladas “não se relacionam realmente com o retrato acabado”. Mas mesmo assim, os especialistas não sabiam ao certo o que iam encontrar.
Quem é esta mulher? Não se sabe
A identidade desta mulher misteriosa ainda está por descobrir, mas acreditasse que seja semelhante a outras tantas pintadas pelo artista espanhol em Paris. “Poderá ser para sempre uma espécie de modelo anónima” ou “pode ter sido apenas alguém que modelou para Picasso... uma amante ou uma amiga”, esclarece o diretor-adjunto.
Para Barnaby Wright, ao Picasso pintar por cima do retrato, abandonando-o, estaria também ele a migrar “para um novo tema, mas também para um novo estilo”, desenvolvendo assim a sua “famosa forma de pintar do Período Azul”.
Fala-se de um período que decorreu entre 1901 e 1904, onde Pablo Picasso recorreu a uma paleta cromática dominada de tons de azul como forma de expressar a sua dor e tristeza pela morte do amigo Carlos Casagemas.
As imagens raio-x mostram que o artista terá trabalhado esta tela várias vezes, não só porque os materiais eram caros, mas também porque “é evidente que ele (...) gostava do processo de transformar uma imagem noutra”.
“Ele não branqueava a tela entre as mudanças de tema para ter um quadro limpo. Pintou a figura do amigo diretamente em cima da mulher... uma figura emerge da outra, transformando uma na outra”, cita a CNN.