
A antiga deputada Rubina Berardo desvinculou-se do PSD, por considerar que o partido está a afastar-se da matriz social-democrata e "dispostos a pactuar com a extrema-direita". A desfiliação foi anunciada pela ex-parlamentar madeirense num artigo de opinião publicado há dois dias no jornal ‘Expresso’.
No seu texto, Rubina Berardo recorda que se filiou há quase 20 anos no PSD-Madeira para “tentar democratizar a estrutura, mesmo que de forma modesta”. E que foi na JSD que em 2011 concorreu “contra um elemento jardinista [José Pedro Pereira], apesar de saber que todas as fichas estavam do outro lado”. Também lembra que apoiou o processo de renovação interna que culminou com a vitória de Miguel Albuquerque em 2014. E que teve o privilégio de servir o partido como deputada à Assembleia da República entre 2015 e 2019, “sempre fiel aos princípios fundamentais social-democratas, autonomistas” e ao seu “imperativo moral”.
No entanto, considera que hoje “é impossível continuar num partido que se descaracteriza da sua matriz social-democrata” e que “está disposto a pactuar com a extrema-direita, cavalgando populismos e confundindo política de imigração com a lei da nacionalidade”. No entender da antiga deputada madeirense, o PSD incita as divergências entre grupos sociais ao “querer reabrir a caixa de Pandora da lei da greve”. Numa aparente crítica ao líder nacional, lamenta que não sejam respeitadas “as mais básicas exigências de maior transparência no exercício de cargos públicos” e se recuse a disponibilização de documentação, vilipendie os actos eleitorais e o normal funcionamento da democracia.
Rubina Berardo dirige ainda reparos à estrutura regional. “É impossível fechar os olhos às ausências de pluralismo, de respeito democrático e de tolerância especialmente numa região de Portugal: a Madeira. Em 2015, o PSD prometeu reformar o sistema político regional, criar diálogo e abertura democrática depois do longo período de ‘pensamento único’ do anterior líder regional. No entanto, passados dez anos, constatamos uma confrangedora persistência da intolerância: desde a forma como foram saneados apoiantes de listas concorrentes internas, até o mais recente episódio de profundo e abjeto desrespeito pela casa da Democracia regional por parte de um governante do Governo Regional, oficialmente tolerado e justificado”, remata a antiga deputada.