A Federação Académica do Porto (FAP) vai reunir esta noite com urgência com todas as associações de estudantes da Universidade do Porto para reagir ao "agravamento" da relação entre a Universidade do Porto e o Ministério da Educação.

"Face à gravidade da situação que veio a público e envolve a Faculdade de Medicina, a Reitoria da Universidade do Porto e o Ministério da Educação, a Federação Académica do Porto convocou as associações de estudantes da Universidade do Porto para uma reunião de urgência esta noite, para analisar e reagir, ao sucedido e consequente agravamento da relação entre a Universidade do Porto e o Ministério da Educação", avançou à agência Lusa o presidente da FAP, Francisco Fernandes.

O presidente da FAP já tinha exigido esta sexta-feira, em entrevista à Lusa, um "inquérito interno" para apurar o porquê de o diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Altamiro da Costa-Pereira, informar, por e-mail oficial da U. Porto, 30 candidatos da entrada em Medicina, sem ter tido a autorização do reitor, António de Sousa Pereira.

O reitor da U.Porto, António de Sousa Pereira, denunciou ter recebido pressões de várias pessoas para deixar entrar na Faculdade de Medicina 30 candidatos que não tinham obtido a classificação mínima - 14 valores -, na prova exigida no curso especial de acesso, avançou o semanário Expresso.

Partidos pedem audições ao ministro e reitor

O PSD, por seu turno, pediu esta sexta-feira à tarde uma audição urgente do ministro da educação e do reitor do Porto para prestarem esclarecimentos sobre alegadas pressões no processo do concurso para acesso a medicina no ano letivo 2025/2026.

O PSD requer ainda a audição do diretor da Faculdade de Medicina da U. Porto, Altamiro da Costa-Pereira.

Entretanto, o PS e a IL também pediram a audição do ministro da Educação no parlamento.

"Envergonhado" pelo sentimento de frustração

Em entrevista à Lusa, o presidente FAP diz-se "envergonhado" pelo sentimento de frustração que foi provocado a 30 candidatos à licenciatura de Medicina da U.Porto, tida como a melhor de Portugal, e pediu um "inquérito interno" para que se apurem as responsabilidades de informar com um e-mail oficial os alunos da entrada no curso de Medicina sem "respaldo legal".

"Defendemos um inquérito interno para que nunca mais isto aconteça. Estamos envergonhados pelo sentimento de frustração que foi provocada aos estudantes e, acima de tudo, como é que é possível a Universidade do Porto, entre reitoria e entidades orgânicas, não se conseguir entender", destacou.

Francisco Fernandes lamenta que seja lançado um e-mail pela Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP), sem a autorização do reitor.

"A Universidade do Porto é uma só", frisou.

Segundo o presidente da FAP, houve um "candidato que se despediu do emprego, outro que vendeu a casa, outro que se despediu do trabalho no estrangeiro".

Ou seja, os candidatos que tomaram conhecimento que se encontravam colocados definitivamente na FMUP mudaram a sua vida, acrescentou.