
"Creio que os russos querem ver o fim da guerra, a sério que sim. Acho que eles têm as cartas na mão, porque tomaram muito território. Eles têm as cartas", disse Donald Trump à televisão pública britânica BBC a bordo do avião presidencial Air Force One.
Na quarta-feira, Donald Trump chamou ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky "ditador" por não ter convocado eleições no final do mandato, em maio do ano passado.
Os processos eleitorais na Ucrânia estão suspensos, em conformidade com a Constituição do país, devido à invasão da Rússia.
As forças de Moscovo anexaram a península ucraniana da Crimeia em 2014 e lançaram uma campanha militar de grande escala em fevereiro de 2023.
Na sequência dos comentários do chefe de Estado norte-americano, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer contactou com Zelenski na quarta-feira à noite defendendo-o como líder democraticamente eleito.
De acordo com o gabinete do chefe do Executivo britânico, Starmer expressou o apoio ao líder ucraniano comunicando que é "perfeitamente razoável" suspender eleições em tempo de guerra, como o Reino Unido fez na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
As declarações de Trump sobre o homólogo ucraniano, assim como os contactos diplomáticos entre Washington e Moscovo, provocaram a reação imediata de Zelensky que disse na quarta-feira que o regime russo é mentiroso.
Nos Estados Unidos, vários políticos do Partido Republicano, incluindo Mike Pence, que foi vice-presidente dos Estados Unidos durante o primeiro mandato de Donald Trump (2017-2021), criticaram o chefe de Estado norte-americano por ter afirmado que a Ucrânia começou a guerra com a Rússia.
"A Ucrânia não começou esta guerra. A Rússia lançou uma invasão brutal e não provocada que custou centenas de milhares de vidas. O caminho para a paz deve ser construído sobre a verdade", escreveu Mike Pence nas redes sociais.
O antigo vice-presidente é um dos membros do Partido Republicano a opor-se abertamente ao Presidente, com quem rompeu relações depois de Trump se ter recusado a aceitar os resultados das eleições de 2020.
Outros republicanos também se manifestaram contra as considerações de Trump sobre a Ucrânia.
John Bolton, ex-conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos durante o primeiro mandato de Trump, disse que as considerações sobre Zelenski e a Ucrânia são das afirmações mais vergonhosas já feitas por um Presidente norte-americano.
Adam Kinzinger, antigo congressista republicano, foi mais longe, considerando Trump traidor.
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