
O historiador de arte Xavier Salomon, atual diretor-adjunto e curador chefe da Frick Collection, em Nova Iorque, vai ser o próximo diretor do Museu Gulbenkian, em Lisboa, anunciou esta terça-feira o conselho de administração da Fundação Calouste Gulbenkian.
Escolhido na sequência de um processo de recrutamento internacional aberto em abril deste ano, Salomon vai suceder ao historiador António Filipe Pimentel, que passará à reforma no início de 2026.
Nascido em Roma, em 1979, Salomon cresceu entre Itália e o Reino Unido. Estudou no Courtauld Institute of Art, em Londres, onde obteve a licenciatura em História da Arte, assim como o mestrado e o doutoramento, indica o comunicado da Fundação Gulbenkian divulgado esta terça-feira.
Um percurso 'recheado' de arte
Salomon trabalhou no British Museum e na National Gallery em Londres, antes de ser nomeado curador principal 'Arturo e Holly Melosi' na Dulwich Picture Gallery, também na capital britânica, em 2006. Nesta instituição, comissariou exposições de artistas como Guido Reni, Paolo Veronese, Salvator Rosa, Anthony van Dyck, Nicolas Poussin e Cy Twombly.
Em 2011, entrou como curador da coleção Barroco do Sul, no Departamento de Pintura Europeia do Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque, assumindo a responsabilidade pelas pinturas italianas dos séculos XVII e XVIII, francesas do século XVII, e espanholas.
Em 2014, ano em que fez a curadoria da exposição monográfica "Paolo Veronese: Magnificence in Renaissance Venice", na National Gallery, em Londres, foi nomeado diretor-adjunto e curador-chefe 'Peter Jay Sharp' da The Frick Collection, onde organizou exposições dedicadas a artistas como Guido Cagnacci, Paolo Veronese, Antonio Canova, Giambattista Tiepolo, Luigi Valadier, Bartolomé Esteban Murillo, Bertoldo di Giovanni, Giovanni Bellini e Giorgione.
Xavier Salomon também trabalhou em projetos com artistas contemporâneos como Doron Langberg, Salman Toor, Jenna Gribbon, Nicolas Party e Flora Yukhnovich.
Em 2022, foi curador das exposições "James McNeill Whistler (1834--1903). Chefs d'oeuvre de la Frick Collection", no Museu d'Orsay, em Paris, e "The Polish Rider. The King's Rembrandt", que esteve patente no Royal Lazienki Museum, em Varsóvia, e no Castelo Real de Wawel, em Cracóvia.
Salomon dirigiu o projeto de renovação das Galerias Frick, concretizado nos últimos quatro anos, que implicou a mudança provisória da coleção para a Frick Madison, em 2021, e o seu regresso ao edifício histórico do museu, na antiga mansão do magnata do aço Henry Clay Frick, junto ao Central Park, em Manhatthan, que reabriu em abril.
"Tem uma obra amplamente divulgada"
O próximo diretor do Museu Gulbenkian "tem uma obra amplamente divulgada" com artigos académicos em publicações como The Burlington Magazine, Apollo, Journal of the History of Collections, Master Drawings, Metropolitan Museum Journal e no Boletín del Museo del Prado, entre outros, segundo a Gulbenkian.
Salomon é autor das séries 'online' "Cocktails with a Curator" e Travels with a Curator", assim como do livro homónimo, publicado em 2022.
Atualmente, ainda segundo a Gulbenkian, prepara um novo catálogo 'raisonné' dos desenhos de Paolo Veronese e o catálogo das pinturas espanholas da The Frick Collection, no âmbito das suas principais áreas de especialização: a arte e o mecenato em Roma e Veneza dos séculos XVII e XVIII, e os pintores Paolo Veronese e Rosalba Carriera.
Em 2018, Salomon foi distinguido como Cavaliere della Stella d'Italia.
António Filipe Pimental
Doutorado em História da Arte pela Universidade de Coimbra, assumiu a direção do Museu Gulbenkian em 2021, depois de ter dirigido o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, de 2010 a 2019, com o cargo inerente de subdiretor-geral do Património Cultural. Foi também diretor do Museu Grão Vasco, em Viseu, em 2009-2010, entre outras instituições.
Pimentel foi pró-reitor da Universidade de Coimbra e coordenador científico da Candidatura da Universidade de Coimbra a Património da Humanidade UNESCO.
O Museu Gulbenkian acolhe a coleção reunida por Calouste Sarkis Gulbenkian, somando mais de seis mil peças, da Antiguidade ao início do século XX, entre Arte Egípcia, Greco-romana, Islâmica e do Extremo Oriente e ainda Numismática, Pintura e Artes Decorativas europeias.
Encerrado desde março deste ano, para obras de renovação dos sistemas de climatização, iluminação e s segurança, o Museu Gulbenkian deverá reabrir no verão de 2026.