No mês internacional de sensibilização para o citomegalovírus, os especialistas alertam que, se uma mulher grávida for infetada pela primeira vez, ou tiver uma reativação do vírus já latente no organismo, existe o risco de o bebé nascer com uma infeção congénita.

Esta infeção, alerta Luísa Monteiro, coordenadora da Unidade de Otorrinolaringologia do Hospital Lusíadas Lisboa, pode provocar surdez no bebé – num ouvido ou em ambos – e é a causa mais frequente de surdez evitável na infância.

Estima-se que 40% a 80% das pessoas em todo o mundo estejam cronicamente infetadas com citomegalovírus, um vírus da família do herpes que geralmente não causa sintomas em pessoas saudáveis, mas é uma causa comum de perda de audição e outros defeitos congénitos que danificam os órgãos quando transmitido da mãe para o feto durante a gravidez.

Os fetos adquirem o vírus das mães infetadas durante a gestação em 30% a 50% dos casos.

Um estudo publicado na revista científica The Lancet confirma que a infeção congénita por citomegalovírus é uma das principais causas de perda auditiva na infância e destaca a importância do diagnóstico precoce e da prevenção.

Sem vacina, a prevenção passa por cuidados básicos

A surdez associada ao citomegalovíruspode estar presente à nascença ou manifestar-se ao longo da infância. Nos casos mais graves, a infeção congénita pode ainda provocar lesões no sistema nervoso central e nos olhos.

Atualmente não existe vacina contra o citomegalovírus. A infeção pode, no entanto, ser prevenida através de medidas simples de higiene, sobretudo para grávidas que estejam em contacto frequente com crianças - como profissionais de infantários, hospitais ou centros de saúde - ou que tenham filhos pequenos.

De acordo com Luísa Monteiro, o vírus pode ser transmitido de forma assintomática através da urina ou saliva de crianças infetadas. Por isso, recomenda-se que as grávidas evitem partilhar comida ou utensílios e lavem cuidadosamente as mãos após mudarem fraldas.

Caso a infeção seja detetada logo à nascença, é possível tratar o bebé com um antiviral oral, administrado durante seis meses. Este tratamento pode atenuar as complicações associadas à infeção.

A vigilância antes e durante a gravidez, com análises ao sangue, permite detetar uma infeção recente ou a reativação do vírus, que, ao contrário da rubéola, não confere imunidade duradoura.