
"Ser humano mais íntegro que eu já conheci. Farol, chefia, braba, a dona da porra toda. Vai em paz, mãe. 23/12/1950-20/04/2025", lê-se numa mensagem partilhada por Zeca Ferreira na rede social Instagram.
Embora a causa da morte de Cristina Buarque não tenha sido anunciada, vários meios de comunicação social brasileiros referem que a cantora tinha sido diagnosticada há cerca de um ano com um cancro da mama.
Na mensagem que partilhou, Zeca Ferreira, um dos cinco filhos, lembra que a mãe era "uma cantora avessa aos holofotes".
"Uma vida inteira de amor pelo ofício e pela boa sombra. 'Bom mesmo é o coro', ela dizia, e viveria mesmo feliz a vida escondidinha no meio das vozes não fosse esse faro tão apurado, o amor por revirar as sombras da música brasileira em busca de pequenas pérolas não tocadas pelo sucesso, porque o sucesso, naqueles e nesses tempos, tem um alcance curto", escreveu.
Nascida em 23 de dezembro de 1950 em São Paulo, Cristina Buarque era filha do historiador Sérgio Buarque de Hollanda e da pianista Maria Amélia Buarque de Hollanda, e irmã dos cantores Chico Buarque, Miúcha, que morreu em 2018, e Ana de Hollanda.
Cristina Buarque editou o primeiro álbum, "Cristina", em 1974, no qual gravou temas de outros artistas brasileiros, como "Tatuagem", de Chico Buarque, "Ao amanhecer", de Cartola, "Isto eu não faço não", de Tom Jobim, e "Comprimido", de Paulinho da Viola.
Antes disso, participou no tema "Chorava no meio da rua", que integra o álbum "Onze sambas e uma capoeira", de Paulo Vanzolini, editado em 1967, e canção "Sem fantasia", do terceiro álbum de Chico Buarque, "Chici Buarque de Hollanda vol.3", editado em 1968.
O jornal O Globo recorda que Cristina, que era "avessa aos holofotes" e "jamais usou a fama de 'irmã de Chico'", "formou gerações com as suas gravações e repertório" e "era farol de referência para colegas como Marisa Monte e Mónica Salmaso".
Da discografia de Cristina Buarque fazem parte também álbuns como "Prato e Faca", editado em 1976, "Resgate, de 1994, "Ganha-se pouco, mas é divertido", de 2000, e "Cristina Buarque e Terreiro Grande", de 2007.
O Presidente do Brasil, Lula da Silva expressou os seus "profundos sentimentos" pela morte de Cristina Buarque, num comunicado divulgado no 'site' oficial da Presidência da República.
Lula da Silva recorda que a "talentosa" cantora e compositora "teve um papel extraordinário na música brasileira ao interpretar as canções de alguns dos mais importantes compositores do samba carioca, ajudando a poesia e o ritmo dos morros do Rio a conquistarem os corações dos brasileiros".
Chico Buarque usou a rede social Instagram para homenagear a irmã, partilhando um vídeo de uma atuação num programa de televisão, em 1968, no qual ele e a irmã Cristina cantam "Sem fantasia".
JRS // JMC
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