
A Cantina Social do Centro de Dia/Casa do Povo de São Roque é o projecto mais “desafiador, sendo aquele que tem mais custos para ir ao encontro das necessidades das pessoas”, assumiu esta manhã o presidente da instituição. Actualmente o espaço fornece refeições aos 50 utentes, mas dentro de meses, revelou Valter Lopes, pretende chegar a mais pessoas da comunidade, de entre os mais desfavorecidos. Na visita foram descerradas as placas do Orçamento Participativo (OP) 2023/2024 que testemunham o contributo da Câmara Municipal do Funchal tanto para esta cantina, como para a lavandaria social, que vai tratar no mesmo local da roupa dos utentes por valores abaixo dos praticados no mercado.
A Casa do Povo de São Roque ganhou novos equipamentos para os dois espaços e está melhor apetrechada para responder às necessidades nas duas vertentes. A capacidade instalada em termos de refeições é de cerca de 200 refeições, mas está condicionada aos funcionários, esclareceu Valter Lopes, em resposta a José Luís Nunes, ali na qualidade de presidente da Assembleia Municipal do Funchal, mas já anunciado candidato à liderança da Câmara pelo PSD nas próximas autárquicas. “Se aumentarmos o número de recursos humanos, conseguimos aumentar o número de refeições”.
O actual presidente da Junta de Freguesia de São Roque, que já ocupou o lugar de presidente da Casa do Povo, não tem dúvidas de que se trata de um projecto interessante para a freguesia, mas que tem um custo “muito elevado”, tendo Pedro Gomes sublinhando o apoio do Banco Alimentar que diariamente contribui com bens. No fornecimento de refeições, o autarca defendeu um acordo entre a Casa do Povo e a Segurança Social para financiar esta vertente. E lembrou que é muito mais fácil esta entidade identificar as pessoas com carências na freguesia, do que a Segurança Social, “que está mais distante”.
A acompanhar a visita, o presidente da Assembleia Municipal alertou para a necessidade de verificar as reais necessidades de quem procura ajuda. “Isto tem de estar bem organizado para que seja uma complementaridade, não uma duplicação”, fez questão de referir José Luís Nunes. O presidente da Assembleia Municipal, que poderá substitui Cristina Pedra como presidente da Câmara do Funchal, recuperou as declarações de Paula Margarido, secretária regional de Inclusão, Trabalho e Juventude, em relação ao contributo activo para a sociedade de quem recebe apoios sociais, para assumir essa posição publicamente.
Pedro Gomes lembrou que no entanto há pessoas que não trataram ainda dos seus processos junto da Segurança Social para ter o apoio alimentar e que ali encontram essa primeira ajuda: “Chegam-nos à Junta e se calhar alguns também à Casa do Povo, e aí nós damos aquele apoio imediato, conseguimos dar uma resposta na hora. E depois o processo vai encaminhando para a Segurança Social".
O presidente da Junta contou que o apoio alimentar em São Roque começou com um conjunto de pessoas com muitas dificuldades. “Até não muito velhos, alguns alcoólicos numa determinada zona da freguesia”. Na altura montaram um espaço de apoio onde essas pessoas iam comer. “A partir daí apareceu o Centro de Dia, apareceu esta capacidade instalada e conseguiu-se desenvolver este projecto”. Ficaram a faltar alguns equipamentos, o Orçamento Participativo “ajudou”, disse.
O OP 2023/2034 teve uma verba total de 550 mil euros. Financiou com 18.000 euros máquinas/equipamentos para esta cantina social, e com 6.000 euros a lavandaria. Foram dois dos 14 projectos aprovados, de uma lista de 35 que foram submetidos. Já o OP 2024/2025 passou para 600 mil euros, aumentou. Foram apresentadas 71 propostas, 57 foram validados e serão executadas.
A vereadora Helena Leal, a representar a Câmara, garantiu que todos os projectos aprovados concretizam-se. Em relação à demora, uma vez que estes são projectos de 2023/2024, a responsável pela área social, explicou que a concretização no terreno dos projectos abrangidos pelo OP, nomeadamente as compras, é necessariamente da Câmara, em alguns casos com recurso a concursos públicos.
Helena Leal, que se recandidata na lista de José Luís Nunes, apresenta o OP como uma forma de a Câmara complementar ao investimento do Município e das juntas, quer através do orçamento próprio, quer através dos contratos interadministrativos. O OP é sobretudo, frisa, “o dar oportunidades à população de olhar, identificar aquilo que será mais importante naquele momento, levar a votação e conseguir concretizar”.
Sobre o apoio a entidades que já são de outras formas apoiadas, a governante esclarece que está na raiz do OP “abrir as portas à participação da população, independentemente da génese da associação ou do objecto em si, tem é de se enquadrar no regulamento”.
Lavandaria só para utentes
Valter Lopes adianta que a lavandaria vai funcionar numa primeira fase apenas para os utentes do Centro de Dia. “Temos cerca de 50 utentes, em que a média de idade deles é de 80 anos, muitos já não têm capacidade para fazer as suas tarefas diárias”. Os utentes trazem a roupa e regressam com a roupa já lavada e passada a ferro. “Vamos ver como é que vai decorrer”, disse o presidente da Casa do Povo. Depois vão analisar e averiguar a capacidade de numa segunda fase ir mais longe. O objectivo dessa segunda fase é alargarmos às pessoas carenciadas da freguesia. Numa terceira fase, continuou, “que dificilmente conseguiremos com este molde do projecto, abriremos à população em geral”.
A roupa será tratada pelas pessoas da Casa do Povo. O custo vai depender da roupa. “Raramente passa os dois euros por peça”, adiantou.
Quanto aos custos, o objectivo é a lavandaria ser autónoma e para as refeições ter apoio da Junta, da Câmara e do Governo Regional, estabeleceu o presidente da Casa do Povo, dando conta que os utentes do Centro de Dia colaboram, pagam uma taxa mensal para usufruir das refeições, além do apoio que a instituição recebe da Segurança Social.