A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, acusou hoje os líderes europeus de alienação e de não perceberem que os inimigos da democracia estão "cá dentro" a ganhar eleições.

No Porto, onde discursou no encerramento do congresso da ELA -- Aliança de Esquerda Europeia para os Povos e o Planeta, a coordenadora do BE dedicou uma parte do discurso a temas internacionais como a guerra no Médio Oriente ou na Ucrânia para acusar Netanyahu (Israel), Putin (Rússia) e Trump (EUA) de simbolizarem "impérios e imperadores que disputam poder, território e recursos" e que "enterraram o direito internacional".

Na União Europeia, apontou "um conjunto de líderes políticos alienados, sentados às suas mesas, a discutir que percentagem do PIB vão cortar na saúde ou na educação, para gastar mais em armas, para equipar exércitos que vão pôr às ordens de generais de Trump para se defenderem de Trump ou do aliado de Trump chamado Putin, sem perceberem que o ataque vem de dentro".

"Os amigos de Trump, os amigos de Putin estão cá dentro. Os inimigos da democracia estão cá dentro, falam a nossa língua e estão a ganhar eleições", afirmou.

Para Mariana Mortágua "defender a Europa não é defender o sistema como ele existe, nem as regras da austeridade" que, disse, "estrangularam os trabalhadores e destroem o futuro povo".

"É que ainda por cima disseram-nos que a culpa era nossa, dos povos do Sul, que vivemos acima das nossas possibilidades. Defender a Europa não é defender a liberalização forçada que privatizou e destruiu os serviços públicos, imposta pelas regras europeias (...). Defender a Europa é defender os nossos povos. É ouvir os nossos povos e lutar por todos. Aqueles que nos apoiam e os que não nos apoiam", referiu.

No primeiro congresso da ELA, uma plataforma política de cooperação entre partidos, Mariana Mortágua dirigiu-se mesmo aos que não votaram à esquerda: "Os que estão fartos, os que estão desesperados, os que estão zangados... Temos de ouvir e lutar por todos. Por aqueles que tiveram medo e foram votar nos partidos socialistas que privatizaram, liberalizaram e empobreceram, ajudando a criar as desigualdades. Por aqueles que tiveram medo e foram votar na direita, contra um fantasma qualquer inventado".

"A todos os desiludidos, os desesperados, queremos dizer que a direita não é uma alternativa aos partidos socialistas. E a todos queremos dizer que a extrema direita também não é uma alternativa à direita", afirmou.

A ELA junta Bloco de Esquerda (Portugal), La France Insoumise (França), Aliança de Esquerda (Finlândia), Podemos (Espanha), Aliança Verde e vermelha (Dinamarca), Razem (Polónia) e Partido de Esquerda (Suécia).