Crescimento anémico, fuga de talento, pouca atratividade. A falta de ímpeto a que vimos assistindo em Portugal tem diretamente que ver com a crise demográfica, agravada pela saída de jovens e falta de capacidade para fazer regressar os melhores. "Nos últimos 20 anos, 1,5 milhões de portugueses deixaram o país" e hoje temos já mais de um quarto da população a viver no estrangeiro, sendo o 8º país do mundo com mais emigrantes. "Destes, um terço são jovens e jovens adultos entre os 15 e os 39 anos", revela a Associação Business Roundtable Portugal (ABRP), que quer ajudar a mudar essa realidade.

Consciente de que o problema não são as saídas mas a falta de vontade de os nossos melhores voltarem ao país e aqui contribuírem para robustecer a economia e pôr enfim Portugal na rota do crescimento, a ABRP traz uma série de questões para cima da mesa: "O que podemos fazer – como indivíduos, empresas e Estado – para tornar Portugal um país atrativo, onde os portugueses queiram viver? Que impacto económico e social teria o regresso deste talento ao seu país? Que país seríamos? E quais os bons exemplos que já existem e devem ser divulgados e multiplicados?"

São estes e outros temas determinantes para inverter o rumo de queda e estagnação que temos vivido – recorde-se que Portugal cresceu apenas cerca de 1% ao ano desde o virar o século, precisando de quadruplicar esse ritmo para apanhar os seus pares europeus até ao final da década – que vão estar em debate amanhã, na conferência “Portugal: o país onde vais querer estar”.

Pedro Ginjeira do Nascimento, secretário-geral da ABRP, faz as contas: "Num mundo globalizado, onde o conhecimento e a experiência internacionais são fundamentais para o crescimento pessoal, empresarial e nacional, a saída dos jovens é compreensível e até benéfica", mas dos "875 mil portugueses que emigraram entre 2011 e 2021, apenas 132 mil voltaram a Portugal", ou seja, apenas um português, em cada sete que saíram, regressou. A longo prazo, a situação continuará a ser desafiante, se não pior, já que 61% dos emigrantes não consideram regressar ao país e em 2022 cinco em cada dez jovens da geração Z (14-29 anos) demonstraram estar propensos ou muito propensos a emigrar, de acordo com um estudo do ABRP/Deloitte.

"Se não agirmos rapidamente, Portugal continuará a perder a capacidade e a esperança de se tornar um país mais desenvolvido, justo, próspero e sustentável", frisa a ABRP, que contará com um leque de personalidades destacadas de todas as áreas para contribuir para a discussão, ao longo de uma tarde em que passarão pelo palco da Nova SBE youtubers e atrizes como Bernardo Almeida e Daniela Melchior, banqueiros como Pedro Castro e Almeida (CEO do Santander Portugal) e presidentes de empresas como Paula Amorim (GALP) e Ricardo Pires (Semapa), ao lado de humoristas (Ricardo Araújo Pereira), economistas (Helena Sacadura Cabral e Pedro Brinca), deputados (Sérgio Sousa Pinto), etc. A ideia é pôr em confronto experiências de quem tem talento, de quem ficou, saiu e voltou, procurando motivos de atração que possam ser potenciados.

A conferência, que pode seguir aqui ao vivo no SAPO.pt e na app SAPO TV (na televisão, através do botão azul do comando Meo, Android TV e Apple TV), contará ainda com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, numa conversa com emigrantes portugueses (Pedro Rente Lourenço, group head of Data & Analytics, Laing O'Rourke, Reino Unido; Rosália Cubal Pena, médica, Point f, Suíça).

Veja aqui o programa completo.