São casas para jovens, têm áreas comuns com coworking e bicicletário, hortas, salas de cross training e pré-instalação para carregamento de carros elétricos. E vêm a preço reduzido para ajudar a encontrar soluções para a crise na habitação. A estreia do primeiro projeto de habitação acessível promovido por privados já nasceu em Faro, mas terá novas vidas em Lisboa e no Porto, com assinatura da GFH e financiamento do banco Santander, que viu na ideia uma forte componente de ESG, que se enquadra no propósito do Santander de "apoiar os seus clientes na transição para uma economia verde e reduzir as desigualdades sociais e económicas, contribuindo para uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentável".
Ao SAPO, o banco explica que fazia sentido ter uma voz neste projeto com financiamento classificado como green e facilitando condições que passam pela ponderação "da relação com o cliente, o montante, o prazo, as garantias o projeto". "Neste caso, como valorizámos positivamente todas estas condições, pudemos apresentar condições (de financiamento) competitivas", justifica fonte oficial do Santander.
Os primeiros 90 apartamentos, das tipologias T1, T2 e T3, já estão prontos a habitar e foram todos atribuídos, a valores que variam entre os 140 e os 230 mil euros -- e escusado será dizer que a procura excedeu em muito a oferta, com cerca de 1000 pedidos --, sendo 60% das casas destinadas a jovens até aos 35 anos e 20% a pessoas com deficiência. Seguindo "um conceito de vida atual, que incorpora um modelo de construção sustentável, energeticamente eficiente (classe A+) e com certificação LiderA", que promove a sustentabilidade dos edifícios, o projeto BeLiving prevê mais nove condomínios no Algarve e nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, num total de mil apartamentos.
Ao SAPO, João Moreira, administrador da GFH, que promoveu o BeLiving, conta que a empresa "tem um longo histórico na promoção de habitação acessível", tendo estado, nos últimos três anos, "a desenvolver e melhorar a fórmula para chegar a um mercado praticamente inexistente". Com a crise na habitação e sem soluções rápidas à vista, apesar dos repetidos anúncios de novas casas e até da criação de um ministério para responder ao problema, a GFH decidiu pôr mãos à obra. "Quisemos sempre fazer parte da solução e ter impacto no setor, e sabemos que ao promovermos estes projetos de habitação vamos estar também a contribuir para a viragem do mercado habitacional, com uma nova oferta a preços acessíveis, que responda às necessidades de habitação transversal a todas as classes, através da marca BeLiving, com designs minimalistas e evolutivos, com especial ênfase na experiência do utilizador", explica João Moreira ao SAPO.
A iniciativa surgiu da necessidade de proporcionar acesso à habitação própria a um segmento da população que enfrenta dificuldades no mercado imobiliário convencional, mas o administrador sublinha que a ideia não é que este projeto substitua soluções públicas, mas antes complementá-las: "É o compromisso da GFH de abordar questões habitacionais de forma inovadora, sustentável e socialmente responsável."
Quanto ao investimento previsto para a totalidade do portefólio, que se fixa em mil novas casas para responder a esta faixa de pessoas que não encontra soluções, o administrador da GFH aponta um volume total de 350 milhões de euros. "Já temos projetos em curso nos municípios da Amadora e de Oeiras, em Lisboa. No Porto, já temos projetos para Santo Tirso e Vila Nova de Gaia", especifica ainda. Para Lisboa e para o Porto, antecipa conseguir uma oferta de apartamentos T1 a partir de 150 mil euros, T2 a partir de 200 mil e T3 a partir de 250 mil euros.
E como se faz a triagem dos muitos candidatos que procuram casa e aqui podem ter uma resposta à medida das suas possibilidades? João Moreira explica que, por se tratar de habitação acessível, de acordo com a lei, estas habitações podem ser vendidas para habitação própria e para arrendamento em regime de renda, mas diferencia a oferta da antiga EPUL. "Os nossos projetos tratam-se de projetos de promoção totalmente privada, mas a preços acessíveis. Os preços das habitações abrangidas neste regime são diferentes para cada município e definidos através de critérios de localização e qualidade da construção, sendo o máximo sempre definido pelo IHRU, sendo normalmente 20% a 30% abaixo de mercado", concretiza, em entrevista ao SAPO.