O Prémio Norberto Fernandes é a mais recente iniciativa da Fundação Altice, que pretende apoiar projetos de artes plásticas – pintura, desenho, gravura, escultura, cerâmica e tecelagem –, premiando os artistas portugueses que submetam propostas originais e de valor no mundo da arte contemporânea. Dividida em duas categorias, Jovens Artistas e Arte e Tecnologia, a iniciativa premiará os vencedores com um montante de valor global de 40 mil euros. Estes terão ainda os seus trabalhos expostos num espaço físico.
Leia abaixo a entrevista completa à diretora da Fundação Altice, Teresa Salema.
Quais é que são os motivos da criação destes prémios e como é que surgiu a ideia de criar esta iniciativa na Fundação Altice?
No ano passado, em 2023, a Fundação Altice fez um reposicionamento e lançou uma nova imagem no mercado. Esse reposicionamento resultou de uma série de estudos e como resultado dessa análise e discussão, surgiu um novo posicionamento e uma nova imagem. Este prémio surge no contexto desta discussão e deste reposicionamento. Surge com um duplo propósito de, por um lado, sublinhar o papel da tecnologia e o seu cruzamento com a arte, e, por outro lado, contribuir para um setor que normalmente é pouco olhado, que é o da cultura.
Eu recordo que a tecnologia é o setor onde nós estamos e, portanto, nós impactamos várias áreas, mas também impactamos a arte. É importante sublinhar esta ligação entre a tecnologia e a arte, mas também contribuir para o tal propósito de valorizar a cultura nacional, que é normalmente um setor bastante desvalorizado.
A Fundação Altice tem uma exposição intitulada "Todo o Visível Vem do Invisível", com obras de artistas que têm em comum a sua atitude de criar inquietação, explorar os limites da arte e da representação. É isso que esperam por parte dos candidatos e das obras submetidas a concurso?
Essa exposição é uma parte ou um olhar sobre a nossa coleção inteira, que são cerca de 200 obras de arte contemporânea. Respondendo mais concretamente à pergunta, ao lançarmos este desafio do "Prémio Norberto Fernandes", nós esperamos desafiar os mais novos, os jovens artistas, e esperamos que nos mostrem a sua criatividade, a sua qualidade e rigor. Por outro lado, pretendemos desafiar os artistas em geral, sejam estes mais novos ou mais velhos, a mostrar-nos a relação que existe entre a tecnologia e a arte.
O "Prémio Norberto Fernandes" é uma homenagem ao primeiro presidente da Fundação que tinha uma visão muito particular. Ele era engenheiro de formação, mas era ao mesmo tempo amante das artes e, portanto, quando lançou a Fundação, tinha uma visão muito particular do impacto da tecnologia na construção da sociedade de informação e do relacionamento com a arte. Este prémio é uma homenagem a esta pessoa, mas ao mesmo tempo, também a esta interseção entre a tecnologia e a arte. E esta interseção entre as duas áreas pode resultar em obras artísticas onde esta relação é mais evidente, ou em obras onde esta interseção é mais subjetiva.
Os jovens devem desafiar-nos com a sua criatividade, com a sua irreverência, com a sua falta de amarras e liberdade.
Porquê a aposta, sobretudo, nos jovens artistas?
O mote do nosso posicionamento é "O Futuro Pela Frente" porque os jovens têm, de facto, o futuro pela frente. Os jovens devem desafiar-nos com a sua criatividade, com a sua irreverência, com a sua falta de amarras e liberdade. Devem desafiar-nos, contribuindo para mostrar esta ligação entre a tecnologia e a arte, sendo um contributo para a cultura.
O que é que o público em geral e os jovens podem esperar da Fundação Altice?
Eu diria que um contributo relevante para a cultura nacional e para a promoção da mesma.
De que forma é que estes prémios vêm ao encontro dos valores e dos objetivos da Fundação Altice?
Temos de voltar aos primórdios. Temos de voltar a algo que norteou a criação da Fundação que foi, de facto, a nossa missão de mostrar como é que a tecnologia pode ter um impacto positivo na vida das pessoas, na qualidade de vida das pessoas. Portanto, ao longo dos últimos 20 anos, temos tido projetos e iniciativas que, por exemplo, permitem que todos, sem exceção, possam ter acesso às nossas tecnologias. Tem sido muito esse o nosso caminho. Atualmente, posicionamo-nos não só nessa área, mas também nas áreas do conhecimento e da arte. E, portanto, este prémio vai nos possibilitar mostrar que impacto é que temos tido, em concreto, na área artística.
As candidaturas para o Prémio Norberto Fernandes, arrancaram a 22 de janeiro. Como é que está a ser a receção da iniciativa? Está a superar as expectativas da Fundação?
Sem dúvida. Temos tido muita movimentação nos vários canais de comunicação. Nós dirigimo-nos a vários públicos, nomeadamente à comunidade artística, e tem havido bastante interação nas redes, no nosso site e já temos várias candidaturas submetidas com sucesso.
Para estes prémios podem ser submetidas obras feitas nos últimos tempos, em concretamente durante o último ano.
Ainda faltam algumas semanas até o prazo de receção de candidaturas fechar, mas eu gostava de sublinhar que para estes prémios podem ser submetidas obras feitas nos últimos tempos, em concretamente durante o último ano. Não aceitamos apenas a submissão de produções feitas de propósito para aqui. É possível que neste espaço de tempo possam desenvolver obras, mas pouco provável. Não é num mês e meio que vamos ter obras feitas de propósito para este prémio. Isto tem sido uma das questões mais colocadas. Há pessoas a dizerem-nos que não têm tempo para submeter a candidatura porque não têm tempo de produzir uma obra neste espaço de tempo. Não é isso que queremos, o que queremos é que os artistas olhem para o seu portfólio e escolham aquilo que é mais recente e mais relevante para submeterem.
Estamos a agitar o setor cultural, é essa a nossa intenção.
Regressando à questão, o balanço é positivo, temos mexido com o setor cultural, temos já múltiplas candidaturas submetidas, algumas dúvidas como esta, mas é importante dizer que sim, estamos a agitar o setor cultural, é essa a nossa intenção, e esperamos, obviamente, que haja trabalhos de qualidade, com a criatividade necessária e que sublinhem tudo aquilo que valorizamos.
Faz parte da agenda da Fundação e da sua ambição mais edições dos "Prémios Norberto Fernandes" ou trata-se de uma iniciativa pontual?
Essa é uma boa pergunta. Esperamos dar continuidade aos prémios, obviamente. Nós estamos cá há duas décadas, mas queremos estar por mais. A arte é um aspeto específico da nossa contribuição. Estou certa de que teremos, com certeza, outras iniciativas para além desta, para continuar a contribuir para o panorama artístico nacional.
Saiba mais no site oficial da Fundação Altice.