
O economista Álvaro Santos Pereira foi hoje escolhido para governador do Banco de Portugal (BdP), sucedendo no cargo a Mário Centeno, anunciou o Governo.
A indicação foi tomada na reunião de hoje do Conselho de Ministros e anunciada no final, em conferência de imprensa, pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, António Leitão Amaro, que justificou a mudança por ser uma "melhor escolha" do que a recondução do ex-ministro das Finanças.
Álvaro Santos Pereira foi ministro da Economia e do Emprego de 2011 a 2013, no governo de Pedro Passos Coelho (PSD/CDS-PP), e é atualmente o economista-chefe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
"Por decisão do Conselho de Ministros, por proposta do ministro das Finanças, [o novo governador] será o professor doutor Álvaro Santos Pereira", anunciou Leitão Amaro, justificando a escolha com o currículo "altamente reconhecido" do economista.
"É hoje o economista principal de uma das principais organizações internacionais da economia mundial. É um profundo conhecedor da economia portuguesa, um profundo conhecedor da economia internacional, conhecedor do sistema financeiro", disse.
Questionado sobre a razão de não ter reconduzido Mário Centeno, o ministro da Presidência afirmou que o Governo entendeu escolher alguém que considera ser melhor do que Centeno para exercer a função de governador.
"Escolhemos alguém que entendemos que é melhor para o cargo, naturalmente. Entendemos que o professor Álvaro Santos Pereira serve melhor os objetivos que se pretendem para um banco central -- que é a autoridade de supervisão e tem responsabilidades de estudos, tem responsabilidades estatísticas, que é parte do Eurosistema, do Mecanismo Europeu de Supervisão -- e essas características que nos fizeram fazer essa escolha são as várias que eu referi. É melhor escolha e é a melhor escolha, por ser independente: não vem nem de dentro do banco, nem vem de um governo", justificou-se.
Confrontado com o facto de Santos Pereira ter sido ministro no governo de Passos Coelho, Leitão Amaro justificou que o economista não está a assumir o cargo vindo diretamente do exercício de funções governativas, ao contrário do que sucedeu com Mário Centeno, que foi designado governador imediatamente depois de ser ministro das Finanças do executivo do qual fazia parte.
Na OCDE, Álvaro Santos Pereira começou por ser diretor de estudos nacionais no Departamento de Economia, cargo que assumiu em 2014, posteriormente à saída do Governo português. Em 2024, foi nomeado economista-chefe, substituindo Clare Lombardelli.
De nacionalidade portuguesa e canadiana, foi professor de Desenvolvimento Económico e Política Económica na Universidade Simon Fraser e professor na Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, e professor na Universidade de York, no Reino Unido.
Segundo a Lei Orgânica do Banco de Portugal, o governador e os restantes membros do Conselho de Administração são designados por resolução do Conselho de Ministros, sob proposta do membro do Governo responsável pela área das Finanças e após parecer fundamentado da comissão competente da Assembleia da República. Exercem os respetivos cargos por um prazo de cinco anos, renovável por uma vez e por igual período.
O mandato de Mário Centeno terminou a 19 de julho deste ano, mas, como o executivo de Luís Montenegro não anunciou o sucessor antes dessa data, o governador ainda se encontra em funções.
Leitão Amaro agradeceu a Mário Centeno "o exercício da sua função" e referiu que o atual governador "é hoje e continuará a ser [governador] nos próximos dias até ser substituído".
O ministro rejeitou, no entanto, tecer comentários sobre o atual mandato de Centeno. "Não farei aqui observações e avaliações sobre Mário Centeno no seu desempenho enquanto governador, além de agradecer o serviço [ao país]", referiu.