O antigo presidente do Governo Regional da Madeira Alberto João Jardim disse este sábado apoiar a candidatura de Henrique Gouveia e Melo à Presidência da República. Alberto João Jardim justifica a opção com o facto de o almirante não estar “misturado com os partidos”.

“Vou apoiar uma pessoa que está fora de um sistema que vem cansando os portugueses e quem disser que não está cansando é hipócrita, basta falar com as pessoas dia a dia na rua”, afirmou. Alberto João Jardim, que liderou o executivo social-democrata madeirense entre 1978 e 2015, falava antes de um jantar com o almirante, em Câmara de Lobos, na zona oeste da ilha, que reuniu um pequeno grupo de apoiantes da sua candidatura.

“Sou contra a partidocracia, sou contra o monopólio dos partidos no controlo do poder legislativo e no poder das candidaturas à Assembleia Legislativa”, afirmou. “Eu, em coerência, tinha que apoiar uma pessoa vinda da sociedade civil”, reforçou. Jardim considerou que “um militar não está, por estatuto, misturado com os partidos”, salientando que “um militar é, por essência, também sociedade civil”.

O antigo presidente do Governo Regional e do PSD/Madeira sublinhou, por outro lado, ser amigo do candidato apoiado pelo partido ao nível nacional, Luís Marques Mendes, mas considerou que não vai ganhar. “Há uns meses atrás tive o cuidado de dizer que tenho pena que o Marques Mendes seja candidato, porque eu não gostaria de vê-lo perder umas eleições”, disse.

“Eu acho que o Partido Social Democrata, ao ter escolhido um candidato próprio, que normalmente não escolhia, [pois] dava liberdade aos militantes, veio vincar aquele caráter partidocrático, isto é, de controlo do sistema político em exclusividade pelos partidos, que é preciso combater”, acrescentou. Já Henrique Gouveia e Melo, que está na Madeira desde sexta-feira, destacou a importância do apoio de Alberto João Jardim, considerando o seu “passado histórico” e o “contributo que deu para a autonomia, para a região e para a política portuguesa”. “É um apoio individual, como eu sempre desejo, e estou muito contente por ter o apoio dele”, declarou.

O candidato a Presidente da República realçou também que se for eleito fará tudo para manter e aprofundar as autonomias “no que for possível”. Gouveia e Melo, que se desloca no domingo à ilha do Porto Santo, onde termina a visita de três dias à região, prometeu, por outro lado, passar alguns dias no subarquipélago das Selvagens, a cerca de 300 quilómetros a sul da Madeira, caso seja o “escolhido” dos portugueses para a Presidência da República.

“Eu sou verdadeiramente português […] e acho que devemos mostrar quais são as nossas verdadeiras intenções soberanas sobre aquele território”, disse, recordando que “já houve muita discussão sobre a soberania do território". Por isso, defendeu, “não há nada como o poder político constituído mostrar de forma muito evidente à comunidade internacional” o que pensa sobre o assunto.

Gouveia e Melo considerou ainda importante deslocar-se às regiões autónomas no âmbito da campanha eleitoral, independente do número de votos que tal possa representar. “Quer a Madeira, quer os Açores contribuem para um Portugal atlântico de uma forma de tal maneira importante que não podemos nunca ignorar estes dois arquipélagos, é uma questão de afirmação do próprio Estado”, argumentou.