Como surgiu a ideia da Clínica do Gil?

A Clínica do Gil surge de uma necessidade especifica de dar resposta às crianças acolhidas pela Casa do Gil. Há uns anos que vínhamos identificando a necessidade de as crianças acolhidas terem apoio psicológico, para lidar com os traumas a que tinham sido sujeitos. Mas, na realidade, as necessidades não eram só nas áreas da Psicologia e da Psiquiatria da Infância e Adolescência, mas também de outras terapias como Terapia da Fala, Psicomotricidade, Psicopedagogia, entre outras. Como foi sendo cada vez mais difícil encontrar parcerias recorrentes, idealizámos a construção de um espaço onde pudéssemos ter todas estas valências, sem internalizar custos.

Percebemos, pelos relatórios da Organização Mundial de Saúde que 1 em cada 5 crianças tinha necessidades de acompanhamento psicológico. Que 50% das perturbações psicológicas vêm da infância e adolescência e que, acima de tudo, não era uma necessidade exclusiva das crianças em acolhimento. Decidimos, assim, desenhar uma clínica cujo modelo de negócio fosse autossustentável e que desse resposta quer a uma necessidade efetiva do mercado quer a crianças em acolhimento (e famílias) que não podem pagar estas terapias. Assim teremos consultas com base nos valores de mercado e consultas com valores sociais.

Porquê o enfoque na Saúde Mental?

Por ser uma área estruturante na vida das crianças, por não haver respostas atempadas no sistema nacional de saúde e por a OMS considerar que a depressão é a doença deste século. É possível mudar a vida de uma criança / pessoa, se tiver o acompanhamento devido, na altura devida. Pode ser transformador de uma vida. E é isso que fazemos. É essa a nossa missão. Ser motor de mudança. Cuidar, criar, crescer.

“É muito importante para nós, que as famílias que podem pagar consultas o façam na Clínica do Gil para dar sustentabilidade ao projeto”
Quais os principais problemas de saúde mental que afetam as crianças?

Ansiedade, depressão, dificuldades na socialização, isolamento social, uso excessivo de tecnologias e tempo em atividades online. Outros desafios importantes estão relacionados com dificuldades de aprendizagem e alterações em termos de atenção/concentração, leitura e escrita (como a dislexia), entre outros. Temos, por isso, especialidades como: Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Psicologia, Terapia da Fala, Terapia Familiar, Psicopedagogia, Psicomotricidade, terapias pelas artes e muito mais especialidades. Vamos acompanhando as necessidades das crianças. Podem ser consultadas no nosso site em www.clinicadogil.pt

Quem pode recorrer a esta clínica?

Todos podem recorrer à Clínica do Gil. Teremos valores de mercado, para as famílias que conseguem suportar os custos das consultas dos seus filhos, valores sociais para famílias mais vulneráveis e, ainda, constituímos (com empresas) um Fundo de Apoio Social para dar resposta às famílias que não têm capacidade de pagar as consultas dos seus filhos e para as crianças das casas de acolhimento, a começar, naturalmente, pelas crianças da Casa do Gil. É muito importante para nós, que as famílias que podem pagar consultas o façam na clínica do Gil para dar sustentabilidade ao projeto.

Este projeto poderá também ser uma forma de alertar para a importância da saúde mental dos mais novos?

Certamente! Para além da componente clínica teremos uma forte componente de prevenção e de educação para a saúde mental e, por isso, centrada no ecossistema da criança. Os cuidadores são parte fundamental da saúde mental das crianças. Teremos workshops e conteúdos específicos para pais e cuidadores. É uma resposta centrada na criança e em toda a sua envolvência. Pais, cuidadores, professores, escola, atividades extracurriculares, tudo.

SO

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