![Honda traça plano ambicioso para dominar 50% do mercado global de motos](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
A Honda não esconde as suas ambições e traçou um objetivo ousado para o futuro: controlar 50% do mercado mundial de motos. A marca japonesa, que já é o maior fabricante do setor, com mais de 20 milhões de unidades produzidas anualmente, pretende reforçar ainda mais o seu domínio, enfrentando a crescente concorrência das marcas chinesas e indianas.
Numa recente apresentação sobre a estratégia global da empresa, Minoru Kato, chefe da divisão de Motociclos, e Daiki Mihara, responsável pela eletrificação, detalharam os planos para consolidar a posição da Honda no mercado. Segundo as suas estimativas, a empresa fechará o ano fiscal de 2024 com 20,2 milhões de motos vendidas, o que representa 40% das vendas globais de motociclos. No entanto, a marca não pretende ficar por aqui e projeta que, até 2030, as vendas anuais do setor alcancem os 60 milhões de unidades, ambicionando que metade dessas pertençam à Honda.
O peso da marca japonesa na Ásia continua a ser esmagador. Dos 20,2 milhões de motociclos que prevê vender este ano, 17,2 milhões correspondem a este continente, o que equivale a 85% da sua produção total. Em contraste, mercados como o Japão, a Europa e os Estados Unidos representam apenas 1,2 milhões de vendas, cerca de 6% do total. No entanto, apesar dos números mais baixos, estas regiões geram receitas significativas devido ao elevado valor dos modelos comercializados, que tendem a ser de maior cilindrada.
A estratégia da Honda assenta não apenas no volume de produção, mas também na eficiência. Em 2024, a empresa bateu recordes de vendas em 37 países e está prestes a alcançar uma marca histórica: a produção da sua moto número 500 milhões desde que iniciou a fabricação em 1948.
O mercado europeu tem características próprias, sendo dominado por motociclos de maior cilindrada e produção mais exclusiva. Para otimizar a produção e reduzir custos, a Honda tem apostado no desenvolvimento de plataformas partilhadas entre diferentes modelos, estratégia já aplicada com sucesso nas gamas CB500, CB650 e Africa Twin. Exemplos recentes incluem a NT1100 e a Hawk 11, que partilham a mesma base mecânica, permitindo diversificar a oferta sem comprometer a rentabilidade.
O próximo passo nesta abordagem será a utilização do quadro tubular e do motor sobrealimentado V3, tecnologia apresentada no EICMA do ano passado, que servirá de base para vários modelos futuros.
A Honda tem planos igualmente ambiciosos para a eletrificação. A marca pretende vender 4 milhões de motos elétricas anualmente até 2030, concentrando-se sobretudo em modelos urbanos e de pequena dimensão. Prova disso são os protótipos recentemente revelados, como o EV Fun Concept e o EV Urban Concept, que em breve entrarão em produção.
Para acelerar a adoção das motos elétricas, a Honda aposta na redução de custos, com o objetivo de tornar o custo total de propriedade em três anos equivalente ao de uma moto de combustão. Um dos passos fundamentais nesse sentido será a inauguração de uma fábrica dedicada à produção de motociclos elétricos na Índia, prevista para 2028. Além disso, a empresa está a trabalhar para diminuir o custo das baterias, atualmente adquiridas a fornecedores externos.
Apesar da sua liderança global, a Honda não terá um caminho fácil para atingir a meta de 50% do mercado. A concorrência das marcas chinesas e indianas tem vindo a crescer, com muitas destas empresas a expandirem-se para além dos seus mercados tradicionais. A eletrificação e o avanço tecnológico dessas fabricantes representam desafios significativos para a marca japonesa, que terá de equilibrar inovação e competitividade para manter a sua supremacia no setor.
O futuro da Honda passa, assim, por uma aposta simultânea na inovação tecnológica, na eletrificação e na consolidação da sua posição nos mercados-chave, numa estratégia que promete redefinir o panorama global das duas rodas nos próximos anos.