O que seria o início da celebração de um dos dias mais felizes das suas vidas, tornou-se num pesadelo. É que Anthony Williams estava a viajar com Katsiaryna Shasholka quando foi, segundo o próprio, acusado de traficar a mulher. Os dois preparavam-se para ir de lua de mel.
De acordo com o processo judicial, obtido pelo Law&Crime e por outros meios de comunicação como o Independente o Daily Mail, o polícia reformado está a processar a American Airline dizendo que foi alvo de discriminação racial. No dia 13 de setembro de 2022, o polícia reformado e natural do Arizona (EUA) e a esposa, uma cidadã russa, embarcaram no avião de Phoenix com destino a Miami.
Durante o voo, um passageiro terá "acusado falsamente" Anthony de traficar Katsiaryna e procurou tripulantes da companhia aérea para revelar a sua preocupação. Os membros da tripulação, Angel Rodriguez e Michael Wilfong, não terão questionado o casal nem terão conduzido qualquer tipo de investigação, mas denunciaram o caso às autoridades. O passageiro “não tinha razões para acreditar que Shasholka estava em perigo”, segundo a queixa, que inclui uma selfie que o casal tirou durante o voo, muito sorridentes (veja abaixo).
Anthony e Katsiaryna disseram que, quando o avião pousou, foram "escoltados pelos funcionários, obrigados a esperar, confusos e envergonhados"enquanto os outros passageiros desembarcavam e passavam por eles. Depois terão sido interrogados pela polícia e foram "detidos, injustamente presos, interrogados e humilhados".
A experiência terá causado ao casal “dor e sofrimento mental, insónia, paranóia, ataques de pânico, medo, ansiedade”, refere a acusação, citada pelo Independent. “Não houve nada nas nossas interações durante todo o voo que pudesse indicar que alguém estava a ser mantido contra a sua vontade”, disse Williams ao jornal. “Éramos apenas duas pessoas a divertir-nos.”
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O casal - que pede agora uma indemnização superior a 70 mil euros, sem incluir juros e custos adicionais - estão a ser representados pela advogada de direitos civis Jasmine Rand, que também representou a família de George Floyd. Num email enviado ao Law&Crime, a advogada enviou uma declaração do cliente: "Sou um ex-polícia. Trabalhei arduamente para combater o crime e ser acusado de cometer um crime tão hediondo é incompreensível", lê-se.
"Fui acusado de tráfico humano da minha esposa por causa da minha raça. Lutei muito para defender a lei neste país e vou lutar muito agora para defender as leis que proíbem a discriminação racial."
Um porta-voz da companhia aérea em questão também reagiu através de um e-mail enviado ao Law&Crime: “A American Airlines esforça-se para proporcionar uma experiência positiva a todos que viajam connosco. Estamos a rever as alegações da reclamação.”
A denúncia lista outros três casos entre 2023 e 2024 nos quais passageiros dizem ter sido maltratados pela companhia aérea. Segundo o Business Insider, em setembro de 2023, o cantor, compositor e guitarrista David Ryan Harris - que tocou na banda de John Mayer durante duas décadas - foi acusado de traficar os filhos durante um voo da American Airlines.