
Foi na década de 1990 que Heitor Lourenço, após uma série de episódios vividos, como a morte de uma colega na faculdade e o facto de ter convivido de perto com uma "depressão", encontrou no budismo aquela que considera ser a 'melhor' forma para o ator estar na vida. Desde então, informou-se, estudou e hoje esta é uma paixão na sua vida, contada em primeira mão no mais recente podcast da SIC, O Amor é a Razão.
Ao lado de Renato Godinho, o também comentador do programa da SIC Caras, Passadeira Vermelha, recuou no tempo para explicar que quando se aproximou do budismo, nomeadamente o tibetano, existiam "muitos livros e transcrições de palestras dadas" por Dalai Lama, o mais alto líder espiritual e ex-chefe de Estado do Tibete. Este tornou-se facilmente num "herói" para Heitor Lourenço que, por acaso, o ator conseguiu conhecer 'cara a cara'.
O relato foi feito, ao detalhe, no podcast da estação de Paço de Arcos. Tudo acontecera numa viagem, em 1997, à Índia. Foi, inclusive, a sua "primeira grande viagem" sozinho. O objetivo? "Queria ver de perto. Estava numa fase que me queria também desconstruir e queria abanar-me a mim próprio", contou Heitor. E assim aconteceu! Porém, com a particularidade de "quase por acaso", ter acabado no "sítio onde o Dalai Lama vivia" e de ter feito, sem o saber, "uma espécie de peregrinação budista".
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"Cheguei lá e vi muita gente no meio da rua, envergando trajes tibetanos. E estavam eles todos, que eu achava imensa graça, e todos na beira da estrada. E eu perguntei, já não me lembro como, que eles não falavam inglês, e eu lá com muita linguagem gestual, lá percebi que o Dalai Lama vinha aí", explicou Heitor Lourenço revelando que, naquele momento, pensou imediatamente em 'sacar' da sua "máquina de rolo" para captar o momento.
"E eu disse assim 'eu tenho que tirar uma fotografia'. O Dalai Lama vinha aí, tinha ido dar uma conferência, a subir aquelas montanhas lindíssimas ao pé dos Himalaias. E ele, a subir, vinha num carro. Eu, tipicamente turista, a querer tirar fotografias. Tirei fotografias e não vi o Dalai Lama. Ele passou ao pé de mim e eu preocupado em tirar a fotografia. Fui logo pôr o rolo a revelar", disse ainda, entusiasmado, o ator.
Mas o melhor ainda estaria para acontecer! Numa versão desconhecida para muitos, Heitor Lourenço garantiu que a viajar é, além de "destemido", um verdadeiro "aventureiro". E este pode muito bem ser o mote para o que viria a seguir. "Fui ao gabinete dos Assuntos Exteriores, lá existe o Governo Tibetano no Exílio. Disse 'quero lá saber'. Bati à porta e disse 'olhe, desculpe, eu queria ser recebido pelo Dalai Lama. Quando é que é possível?", recordou o momento o comentador social da SIC Caras.
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Se pensa que a resposta viria a ser negativa, desengane-se. É que o funcionário que atendeu Heitor Lourenço informou não só o ator de que Dalai Lama tinha acabado de chegar como o aconselhou a ir passando pela instituição. "E eu todos os dias estava lá. Fiquei nesse sítio 20 dias, não fui para mais lado nenhum e ao 19.º [dia] chegou e ele diz-me 'olhe, sua Santidade vai receber pessoas. Venha cá fazer o seu registo logo à tarde, traga o seu passaporte'. E lá fui eu", recordou.
Escusado será dizer que para o ator este seria um momento de plena euforia. Na verdade, Heitor Lourenço foi recebido na residência oficial do mais alto líder espiritual do Tibete, mais propriamente num "jardim muito simples". "Eu estava tão… porque era, de facto, o meu super-herói. Foi através daquilo que eu li que eu mudei muito da minha vida. Quantas vezes é que consegues conhecer o teu ídolo ou a tua referência ou o teu super-herói? Isso é completamente inexistente e eu estava ali".
"Eu nem me lembro de respirar! Só me lembro de ele me dizer uma coisa com um olhar 'super' penetrante que eu nunca mais me posso esquecer. Eu senti uma presença 'super' forte e eu não me lembro, que eu estava muito nervoso, mas lembro-me de ele ter dito 'que tudo corra bem sempre na tua vida'. É uma espécie de cumprimento budista. E pronto, conheci de facto o Dalai Lama", rematou por fim a partilha, com 'chave d'ouro', Heitor Lourenço.