Yolanda Tati, que nasceu em Cabinda (Angola), tinha três anos quando os pais decidiram fazer de Portugal a sua casa. No entanto, a adaptação não foi fácil para a influencer que, "aos quatro anos", se terá deparado com uma educadora "muito racista" num centro paroquial.

"Eu tenho memórias de ficar de parte, muitos dias. Ficar assim a olhar para a parede, ficar sentada num canto. Os meus pais repararam que houve um declínio na minha energia, na minha socialização. Eu comecei a chegar a casa e os meus pais viram que não estava bem, estava cabisbaixa, e é muito difícil porque as crianças nesta idade falarem e explicarem o que é que aconteceu na realidade", começou por dizer no 'Fly Podcast'.

"Mas aquela altura já era capaz de contar 'olha disseram que eu cheirava mal, disseram que eu não podia brincar com outros meninos'. Eu chegava à escola, ao infantário, e ela basicamente dizia 'alguém deu um pum'. As crianças fazem cocó na fralda, é normal, mas sempre que acontecia algum descuido na sala de aula, ela [a educadora] partia do princípio que tinha sido eu. Ela dizia 'foste tu de certeza, sai, afasta-te'. E depois, eventualmente, vinha a descobrir tinha sido outra criança a fazer cocó na fralda, a fazer um chichi, a dar um pum, natural nas crianças", recordou, referindo que não havia um pedido de desculpa.


Yolanda Tati denuncia roubo de identidade para burla a familiares e amigos


Porém, Yolanda também se cruzou com "pessoas muito boas que conseguiram contrabalançar", explicando que outras educadoras de outras salas "viam e ouviam os insultos" e a chamavam para não ficar de parte. "Depois apareceu uma pessoa que é o grande anjo da minha vida, que se chama senhor Fialho - ele é incrível e liga-me em todos os Natais e aniversários até hoje, é português -, que era o diretor desse colégio e do colégio para onde eu fui depois. Depois do infantário, era o ATL", contou.

"O senhor Fialho apercebeu-se disto porque outras educadoras foram dando o toque e ele também percebia que havia alguma coisa. Um dia a minha mãe passou-se e disse 'isto é o fim' porque já tinham acontecido muitas coisas, muitas mesmo. As crianças reproduzem os nossos comportamentos, então todos da sala já estavam muito contra mim e eu entrei ali numa espiral mesmo muito negativa, só chorava. Um dia, a minha mãe chegou à escola e perguntou 'o que é que se passa aqui? O que é que se passa com a minha filha?'", disse.

"Lembro-me que no final do infantário, isso já tinha mais ou menos passado porque ela foi chamada a atenção. O senhor Fialho e despediu-a. Ele despediu uma funcionária que estava ali há anos por minha causa. Ela disse que eu cheirava mal, que eu não tomava banho, que o meu cabelo tinha piolhos, disse várias coisas sobre mim que não eram verdade. A minha mãe ainda hoje diz 'coitada da minha filha, chegou a Portugal, em pleno inverno, eu dava-lhe banho de manhã e à noite'", continuou.

Felizmente, no primeiro ano escolar da influencer, as coisas melhoraram, ainda que na mesma instituição. "Conheci a Camila, que foi a minha educadora [portuguesa] e entrei para um ambiente super saudável. Deu-me muito amor e construiu toda uma atmosfera em sala de aula muito positiva para mim", destacou.

"Hoje em dia, eu tento cortar esse trauma geracional", afirmou Yolanda Tati, referindo-se aos filhos, Leonardo, de três anos, e Máximo, de um ano, fruto do casamento com Marco Turco. "O Marco diz que eu sou obcecada com a imagem dos meus filhos (...) Eu tenho assim coisas que tento cortar para não passar esse trauma geracional, mas sei que vêm daí. Os meus pais tinham muito zelo com a minha imagem porque sabiam que eu podia sofrer", frisou.