Tinha apenas um ano quando veio para Portugal. A Angola, país que a viu nascer, só regressou anos mais tarde e há um prato típico da culinária angolana que ainda não se atreveu a fazer. Já lá iremos. Ao site do Fama Show, Marisa Cruz - uma das concorrentes eliminadas este domingo, 1 de dezembro - descreveu a experiência no 'Hell's Kitchen Famosos', conduzido por Ljubomir Stanisic, como "uma das mais intensas" que já viveu.
O primeiro prato que preparou no programa da SIC foi Bife com Batatas Fritas, não fosse a atriz e apresentadora fã deste que pode ser o acompanhamento perfeito. Aliás, a primeira coisa que repara quando vai a um restaurante é se a batata é congelada: "Para mim perde imenso pontos, não é um sítio que me apeteça voltar", afirma.
A ex-manequim tinha "por volta dos 15 anos" quando começou a trabalhar em part-time num restaurante, para ajudar a mãe, e foi aí, curiosamente, que aprendeu a fazer uma "boa batata frita". "Lembro-me da senhora que cozinhava me dizer que 'tem de estar demolhada em água, com bastante sal e vinagre'. Não me lembro qual foi a explicação, mas a verdade é que até hoje tenho sempre o cuidado de fazer assim. Acho que ficam mais saborosas", recorda.
No entanto, um dos pratos que mais gostou de fazer no programa foi Açorda Alentejana com Bacalhau, que disputou com Marco Costa e que valeu um ponto a cada um. "Nunca tinha feito e o chef adorou. Fiquei muito orgulhosa", diz. O Caril de Manteiga de Amendoim,"um dos pratos favoritos dos filhos", também foi um dos seus preferidos.
Aos 50 anos, Marisa Cruz revela a sua maior preocupação: "Ninguém mais tem esse poder na minha vida"
Num episódio que foi "temperado a lágrimas", citando Sofia Arruda, Marisa prestou uma homenagem à bisavó, que chama de avó [com quem viveu em Viseu durante a sua infância], fazendo Rabanada. "É um dos doces que a minha avó fazia no Natal e que nunca mais comi igual", conta. "Aprendi coisas muito importantes com ela, não só a cozinhar. Passou-me valores que guardo até hoje e passo também para os meus filhos", explica.
Marisa também não poupou elogios a João, de 19 anos, e a Diogo, de 15 anos: "Fico muito orgulhosa pelos meus filhos saberem cozinhar, gostarem de cozinhar e, mais tarde, serem homens autossuficientes e capazes de fazer um pouco de tudo", afirma.
O prato que adora, mas nunca confecionou, e um outro olhar para a cozinha
Embora cozinhar seja uma paixão e "não haja nada que lhe dê mais prazer do que fazer uma refeição para os filhos ou amigos", existe um prato em específico que ainda não arriscou confecionar: "Moamba de Galinha com Funge. É um prato que eu adoro, mas tenho que ir a um sítio específico que façam", revela. Quiçá, esta experiência lhe traga ainda mais incentivo para fazê-lo.
Uma coisa é certa: Marisa Cruz, que se estreou há mais de 20 anos como apresentadora no programa da SIC, 'Masterplan - O Grande Mestre', ao lado de Herman José, mudou "a maneira de estar na cozinha". "Como o chef diz, tudo se aproveita, qualquer casca de cebola, batata, alhos, ossos, as espinhas do peixe, tudo dá para aproveitar para fazer caldos", esclarece.
Numa entrevista com Daniel Oliveira no 'Alta Definição', da SIC, Marisa recordou que passou fome juntamente com os irmãos. Questionada sobre essa fase difícil, a atriz responde: "Não só teve impacto na forma como olho para a cozinha mas também como olho para o resto da minha vida, do mundo, das oportunidades que tenho. Valorizo coisas que se calhar pessoas que não tiveram, felizmente, de passar por nenhuma dificuldade não valorizam", conta.
Nem tudo foi um mar de rosas. Num dos episódios, a atriz - que faz parte do elenco da nova novela da SIC - chegou mesmo a ficar em lágrimas. "Fui-me abaixo e fui chorar para a despensa, a achar que ninguém me estava a ver. Perdi um bocadinho o foco, fiquei um bocadinho perdida na cozinha, estava fisicamente muito cansada, com medo de não conseguir fazer coisas básicas, que naquela altura já não deveriam ser um problema, mas o cansaço físico e emocional às vezes atrapalha. O chef tanto nos dá na cabeça como vai lá e nos puxa para cima e foi isso que aconteceu", relembra.
Além do cansaço físico pois são muitas "horas em pé", a parte emocional também é "bastante desgastante". "No meu caso a pressão era muito grande porque como é uma coisa que eu gosto muito de fazer, eu não queria de todo falhar. Queria apresentar sempre os melhores pratos, da melhor maneira, ser o mais criativa possível e tentar aproveitar, aprender ao máximo", diz.
A entreajuda "muitas vezes até contra a vontade do chef"
Já sobre os colegas, a apresentadora explica que criaram "uma amizade muito bonita": "Nunca sentimos essa competitividade de querer ganhar, sempre nos ajudámos muito uns aos outros, muitas vezes até contra a vontade do chef. Por exemplo, o Miguel [Costa] estava sempre a defender as suas meninas da sua equipa, nunca deixava que a pressão chegasse até nós, e o Marco também é um líder fantástico, sempre a puxar-nos para cima", refere.
"Estou muito orgulhosa de ter tido a oportunidade de viver esta experiência com este grupo. Foi uma sorte juntar tanta gente assim conhecida e que se dê tão bem, algumas pessoas de áreas muito diferentes, muitas eu nem sequer conhecia pessoalmente, só o seu trabalho. Foi bonito ver o nosso percurso, a nossa entrega, a nossa amizade e o crescer dessa amizade, mesmo após o programa", acrescenta.
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"Acho que também tem muito a ver com o seu passado"
Trabalhar com o chef Ljubomir Stanisic também "foi incrível". "Tem uma presença muito forte, um conhecimento de cozinha e de cultura geral gigante. Ele conhece a parte gastronómica de imensos países, tem uma visão enorme e que impressiona porque ele fala de qualquer país, da cultura desse país, da parte gastronómica com um à vontade que dá gosto", diz.
"Ele utiliza palavras às vezes um bocadinho duras ou a forma como às vezes fala é um pouco 'agressiva', mas eu acho que também tem muito a ver com o seu passado, com tudo o que ele passou, com o facto dele não ter paciência para tretas e para pessoas que não valorizam o trabalho e as oportunidades que têm. Ele muitas vezes foi puxar por nós, dar-nos palavras de incentivo e fazer-nos crer que realmente acredita em nós. Tinha muita curiosidade em conhecê-lo pessoalmente, então foi uma surpresa muito agradável", descreve.
Ao olhar para trás, Marisa Cruz - que chegou a vestir a jaleca preta - confessa que se sente "muito grata e orgulhosa" pelo seu percurso, mas "faria muita coisa diferente". "Stressei por situações que não tinham razão de ser, houve alturas em que me senti insegura e que não tinha por que me sentir, mas tenho de aceitar que dei o que tinha, na altura, e tentei sempre dar o máximo de mim", explica.
Ainda sobre quem tem mais probabilidade de ganhar o programa, a atriz e apresentadora não tem dúvidas: "Qualquer um que chegou à final é um justo vencedor", referindo-se a Marco Costa, Sofia Arruda e Inês Lopes Gonçalves.