Morreu Marianne Faithfull. A cantora e atriz britânica tinha 78 anos.

Segundo a BBC, que cita um breve comunicado de porta-voz da artista, “Marianne faleceu pacificamente em Londres, hoje, na companhia da sua família. A sua falta será sentida.”

Nascida a 29 de dezembro de 1946, em Londres, Marianne Evelyn Gabriel Faithfull começou por dar nas vistas em 1964, ao frequentar uma festa organizada pelos Rolling Stones e captar a atenção do produtor Andrew Loog Oldham. Nessa altura, procurava construir carreira enquanto cantora folk, cantando em cafés da capital britânica.

O seu primeiro single, ‘As Tears Go By’, composto por Oldham, Mick Jagger e Keith Richards, foi um sucesso imediato: atingiu a nona posição na tabela de vendas do Reino Unido. No ano seguinte, casou-se com o artista John Dunbar, de quem teve um filho, Nicholas.

Estava ainda casada com Dunbar quando inicia, em 1966, uma relação com Mick Jagger, abandonando o marido para viver com o vocalista dos Stones. É por esta altura que se debate, também, com um vício em drogas - sobretudo cocaína, o que a levou a dar à luz um bebé nado-morto, em 1968.

Nesse período negro, chegou mesmo a ponderar suicidar-se. Só se livraria efetivamente do vício nos anos 80, década em que começou a reabilitar a sua carreira, o que a levou a colaborar com Roger Waters no espetáculo “The Wall”, em Berlim, após a queda do Muro. Ao longo da carreira, colaborou também com nomes como Angelo Badalamenti, autor da banda-sonora de “Twin Peaks”, ou com os Metallica, em “Reload” (1997). Ainda assim, em 1979 lançou um álbum que seria imensamente louvado pela crítica, “Broken English”, abraçando a ‘new wave’ que, à época, irrompia.

No cinema, foi revelada pelo filme “A Rapariga da Motocicleta”, de 1967, ao lado de Alain Delon, sendo notório, quase 40 anos depois, o seu papel no filme “Marie Antoinette” (2006), de Sofia Coppola. No ano seguinte foi protagonista do filme “Irina Palm”, de Sam Garbarski, estreado na Berlinale desse ano. Assumindo a sua própria identidade, entrou no filme “Made in U.S.A.”, de Jean Luc-Godard, logo em 1966. Tem também trabalho significativo no teatro, especialmente entre os anos 60 e 70, e na televisão britânica.

No novo milénio, passou por graves problemas de saúde: em 2004, foi-lhe diagnosticado um cancro da mama, e em 2007 Marianne revelou ao mundo sofrer de Hepatite C. Em 2020, em plena pandemia, afirmou ter testado positivo à covid-19, doença que lhe provocaria duradouras mazelas.

Desde 2016 que Marianne Faithfull - que atuou por duas vezes em Portugal, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, em 1992, e no festival Cool Jazz, em Cascais, em 2005 - não pisava os palcos; o último a acolhê-lo foi o do Bataclan, em Paris. O seu último álbum, “She Walks In Beauty”, com Warren Ellis (Bad Seeds, Dirty Three) foi editado em 2021.