Segundo Caracas, trata-se de uma decisão ridícula e da repetição de um erro de 2019, quando os EUA reconheceram Juan Guaidó como autoproclamado presidente interino do país, com a intenção de afastar Nicolás Maduro do poder.

"O único sítio de onde não se volta é do ridículo, diz o ditado popular. No entanto, [secretário de Estado norte-americano Antony] Blinken, um inimigo confesso da Venezuela, insiste em fazê-lo de novo, agora com um Guaidó 2.0, apoiado por fascistas e terroristas subordinados à política dos EUA", expressou o ministro dos Negócios da Venezuela, na Threads.

Na mesma rede social, Yván Gil Pinto afirma ainda que, "nos últimos dias do seu Governo, [Blinken] deveria dedicar-se a refletir sobre os seus fracassos, livrar-se dos complexos imperiais e coloniais e ir escrever as memórias de como a Revolução Bolivariana o fez morder o pó da derrota, assim como aos seus antecessores".

"Nunca falha o plano literário de mais um Secretário de Estado que se afundou, juntamente com os seus fantoches, a tentar inverter a democracia venezuelana", sublinha.

Os Estados Unidos reconheceram, terça-feira, como Presidente eleito da Venezuela, Edmundo González Urrutia, que reclama vitória sobre Nicolás Maduro nas eleições de julho.

"O povo venezuelano pronunciou-se de forma contundente em 28 de julho e escolheu Edmundo González como Presidente eleito. A democracia exige respeito pela vontade dos eleitores", disse Blinken, nas redes sociais.

A administração norte-americana de Joe Biden havia afirmado anteriormente que González foi o mais votado nas eleições, mas sem o reconhecer oficialmente como Presidente eleito. 

A União Europeia (UE), que não reconheceu ainda oficialmente González, afirmou na segunda-feira que irá ponderar sanções contra o regime de Nicolás Maduro devido à deterioração da situação na Venezuela e depois de considerar que o declarado Presidente eleito "não ganhou as eleições".

Numa conferência de imprensa em Bruxelas, após a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, anunciou que o bloco europeu "vai rever o sistema de sanções" contra um governo que "não considera que ganhou as eleições".

"Não reconhecemos a sua legitimidade e continuaremos a apoiar o povo da Venezuela na sua luta democrática", afirmou o chefe da diplomacia europeia.

A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral atribuiu a vitória a Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que Urrutia obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.

Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.

FPG (PDF/JYFR) // VQ

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