O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou esta madrugada impor novas taxas sobre importações do México, Canadá e China, assim que tomar posse, como parte dos esforços para travar a imigração ilegal e o tráfico de droga.
Caso sejam aplicadas, as taxas podem aumentar drasticamente os preços de tudo para os consumidores norte-americanos, desde o gás até aos automóveis. Os Estados Unidos são o maior importador de bens do mundo, sendo o México, a China e o Canadá os três principais fornecedores.
Trump fez as ameaças através da rede social Truth Social, insurgiu-se contra o afluxo de imigrantes ilegais, apesar de as travessias da fronteira sul terem registado um mínimo de quatro anos.
"A 20 de janeiro, como uma das minhas muitas primeiras ordens executivas, assinarei todos os documentos necessários para impor ao México e ao Canadá uma taxa de 25% sobre TODOS os produtos que entram nos Estados Unidos e as suas ridículas fronteiras abertas", escreveu.
Trump disse que "milhares de pessoas estão a passar pelo México e pelo Canadá, trazendo o crime e a droga a níveis nunca antes vistos", apesar de a criminalidade violenta ter baixado dos níveis máximos atingidos durante a pandemia.
O republicano afirmou que as novas taxas vão manter-se em vigor "até que as drogas, em particular o fentanil, e todos os estrangeiros ilegais acabem com esta invasão" dos EUA.
Trump também dirigiu a ira a Pequim, dizendo que "teve muitas conversas com a China sobre as enormes quantidades de drogas, em particular o fentanil, que estão a ser enviadas para os Estados Unidos - mas sem sucesso".
"Até que eles parem, vamos cobrar à China uma taxa extra de 10%, acima de quaisquer tarifas adicionais, em todos os seus muitos produtos que entram nos Estados Unidos da América", referiu.
Não se sabe se Trump vai mesmo levar a cabo as ameaças ou se as está a utilizar como tática de negociação antes de tomar posse.
As detenções por atravessar ilegalmente a fronteira a partir do México têm vindo a diminuir e mantiveram-se em mínimos de quatro anos em outubro, de acordo com os números oficiais mais recentes.
As autoridades efetuaram 56.530 detenções em outubro, menos de um terço do que em outubro do ano passado.
Grande parte do fentanil entra nos Estados Unidos a partir do México. As apreensões da droga na fronteira aumentaram drasticamente sob a liderança do Presidente Joe Biden. As autoridades norte-americanas registaram cerca de 12.247 quilos de fentanil apreendido em 2024, em comparação com 1.154 quilos, em 2019, quando Trump era presidente.
O nomeado de Trump para secretário do Tesouro, Scott Bessent, se confirmado, seria um dos vários funcionários responsáveis pela imposição de taxas a outras nações. Em várias ocasiões, Trump afirmou que as taxas são um meio de negociação com outros países.
Bessent escreveu num artigo de opinião, na semana passada, que as taxas são "um instrumento útil para atingir os objetivos de política externa do Presidente".
"Quer se trate de conseguir que os aliados gastem mais na sua própria Defesa, de abrir mercados estrangeiros às exportações dos EUA, de assegurar a cooperação para acabar com a imigração ilegal e interditar o tráfico de fentanil, ou de dissuadir a agressão militar, as taxas podem desempenhar um papel central", notou.
Se Trump avançar com a ameaça de aplicação de taxas alfandegárias punitivas, os novos impostos vão representar um enorme desafio para as economias do Canadá e do México, em particular.
Também podem pôr em dúvida a fiabilidade do acordo comercial de 2020, em grande parte mediado por Trump, que deverá ser revisto em 2026.
China avisa que ninguém ganha
A Embaixada da China em Washington respondeu de imediato que "ninguém ganha uma guerra comercial", depois de o presidente eleito dos EUA , Donald Trump, ter prometido impor taxas alfandegárias de 10% sobre os produtos chineses assim que assumir funções.
"A cooperação económica e comercial entre a China e os EUA é mutuamente benéfica por natureza. Ninguém vai ganhar uma guerra comercial ou tarifária", disse Liu Pengyu, porta-voz da delegação chinesa em Washington, na sua conta oficial da rede social X.
Em resposta a Trump, Liu afirmou que "a ideia de que a China está deliberadamente a permitir que os precursores [químicos] do fentanil entrem nos Estados Unidos é completamente contrária aos factos e à realidade".
O porta-voz da diplomacia chinesa sublinhou que as agências chinesas e norte-americanas de combate ao narcotráfico "retomaram as comunicações regulares" desde o encontro entre os presidentes dos dois países, Xi Jinping e Joe Biden, em São Francisco, em novembro do ano passado.
"A China notificou os EUA sobre os progressos realizados nas operações de aplicação da lei antidroga relacionadas com os EUA. A China respondeu aos pedidos dos EUA para verificar as pistas em alguns casos e tomou medidas", acrescentou Liu.