O grupo frances respondeu a um artigo do Financial Times segundo o qual tinha "atrasado ainda mais" o retomar do projeto, face aos problemas de segurança e incertezas políticas no país, não confirmando mas repetindo que é preciso haver segurança.

"A prioridade é restaurar a paz e a segurança em Cabo Delgado", disse a TotalEnergies num comunicado enviado à agência de noticias francesa France-Presse (AFP.

Este projeto de exploração de gás foi interrompido em 2021 após um ataque 'jihadista' a poucos quilómetros do local dos trabalhos do projeto de exploração de gás natural, na província de Cabo Delgado.

Dezenas de civis foram mortos nesses ataques que forçaram a Total a declarar força maior e retirar todo o pessoal do estaleiro de obras.

O presidente executivo (CEO) da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, tinha referido, num encontro com investidores no ano passado, que o objetivo era iniciar a produção de Gás Natural Liquefeito (LNG, na sigla em inglês) em 2029, o que implicava o "reinicio do projeto ainda em 2024".

A empresa disse agora ao Finantial Times que os planos de reiniciar o projeto até o final de 2024 caíram depois da violência verificada após a disputada na eleição presidencial de outubro, colocando em risco a meta de começar a produção em 2029.

É preciso retomar os "serviços públicos" e a "vida normal" para que o projeto seja reiniciado, acrescentou a empresa, segundo a noticia deste jornal económico.

Patrick Pouyanné tinha reconhecido "progressos no terreno" no combate ao terrorismo, mas Moçambique viveu os últimos três meses manifestações e protestos pós-eleitorais, com destruição de infraestruturas e violência que já provocaram mais de 300 mortos e acima de 600 feridos, desde 21 de outubro.

Daniel Chapo, candidato da Frelimo, tomou posse na semana passada, após meses de protestos da oposição, liderados pelo candidato Venancio Mondlane que não aceita os resultados e se diz vencedor da eleição presidencial.

No referido encontro com investidores, Pouyanné revelou que o projeto contava já com um pacote de financiamento "bastante grande", de cerca de 14 mil milhões de dólares (12,7 mil milhões de euros), e que desse total, "70 a 80%" estava "confirmado" pelos financiadores.

A TotalEnergies tem uma participação de 26,5% neste projeto, que prevê um investimento de 20 mil milhões de dólares, destinado principalmente a clientes na Ásia, a par de parceiros moçambicanos e da japonesa Mitsui (20%).

Moçambique tem três projetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.

A TotalEnergies, líder do consórcio da Área 1, tem em curso o desenvolvimento da construção de uma central, em Afungi, nas proximidades de Palma, para produção e exportação de gás natural.

ANP (PVJ) //CFF

Lusa/Fim