Durante mais de um século, os fabricantes de veículos e os fornecedores europeus de componentes para automóveis “foram pioneiros tecnológicos”. “Mas a burocracia onerosa está a colocá-los em risco de ficarem para trás dos seus concorrentes globais, à medida que a tecnologia digital se torna uma parte cada vez maior dos nossos veículos”, alerta a Associação de Fornecedores Automóveis (CLEPA, na sigla em inglês).

Foi desta forma que os profissionais do sector, representados pela CLEPA, se dirigiram no início desta semana à comissária europeia Henna Virkkunen, responsável pelo pelouro da soberania tecnológica, segurança e democracia.

Numa reunião de trabalho com aquela responsável, os dirigentes da CLEPA instaram a União Europeia a “quebrar os obstáculos administrativos” e a “reduzir os requisitos de conformidade excessivos para libertar o potencial inovador do sector automóvel europeu”.

Em comunicado a CLEPA nota que os fabricantes e fornecedores europeus de automóveis são potências em investigação e desenvolvimento (I&D) e que estão na vanguarda do seu campo de ação. Além disso, assegura ainda a mesma organização, os agentes do sector gozam de uma reputação invejável em todo o mundo pela inovação em vários domínios, com destaque para os veículos de condução autónoma.

“Precisamos que a União Europeia incentive e não que dificulte a nossa liderança. Os veículos automatizados são a próxima fronteira e um campo em que podemos liderar. Mas, para o fazer, precisamos de condições que favoreçam a criação de uma forte base industrial digital”, afirmou, por seu turno, Sigrid de Vries, diretora geral da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA, na sigla em inglês).

No encontro com a comissária europeia, a líder da ACEA disse ainda que “também é desconcertante que, numa altura em que a Comissão está a ter um diálogo estratégico com a indústria para melhorar a sua competitividade, esteja, na verdade, a retirar a proposta sobre as Patentes Essenciais Standard [que protegem uma invenção cuja utilização é necessária para a implementação de determinado padrão (standard) tecnológico], que é essencial para a competitividade e para a liderança do sector automóvel da UE, numa condução autónoma e semiautónoma, sem qualquer consulta ou discussão prévia com a indústria”.

Benjamin Krieger, secretário-geral da CLEPA, lembrou, por seu lado, que os Estados Unidos e outros países estão a investir massivamente em tecnologias consideradas chave, como a inteligência artificial e a computação em nuvem, e que estão à frente no que diz respeito aos mercados digitais.

Assim sendo, prossegue, “a Europa deve responder com uma abordagem ousada para garantir um mercado próspero para os serviços de mobilidade digital garantindo investimento suficiente para que a próxima geração de veículos conectados e automatizados seja desenvolvida aqui”, e não noutra parte do planeta.

“A UE deve reforçar o seu ecossistema de semicondutores e eletrónica automóvel, promover a I&D e promover parcerias globais e um mercado unificado para veículos autónomos”. Para isso, remata Benjamin Krieger, “é essencial um financiamento equilibrado e um forte apoio à indústria”.