O impasse político em França está a preocupar as empresas portuguesas. Ao Jornal de Negócios, a Associação Empresarial Portuguesa (AEP) diz que a crise em França pode afetar negativamente a balança comercial portuguesa.

A agricultura, a indústria transformadora e o turismo podem ser os setores mais afetados. A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) está também preocupada com um possível efeito de contágio à economia europeia.

Isto porque França é o segundo destino das exportações portuguesas. Segundo o Negócios, a economia gaulesa comprou, em 2023, a empresas portuguesas, bens no valor de mais de 10 mil milhões de euros.

O Governo francês enfrenta esta quarta-feira uma moção de censura, apresentada oficialmente pela esquerda e que já conta com o apoio dos 140 deputados da extrema-direita de Marine Le Pen.

“Um cenário provável será uma reação imediata dos mercados, com os investidores a venderem títulos da dívida pública francesa, e um aumento dramático do custo do financiamento dessa dívida”, alerta a CIP na entrevista ao Jornal de Negócios.

A Confederação Empresarial de Portugal sublinha que as instituições europeias não teriam capacidade de responder a uma rutura da economia francesa e que as consequências “alastrariam rapidamente”.

“Afetaria incontornavelmente as empresas portuguesas. A generalidade dos setores industriais portugueses seria afetada”, afirma a CIP.

A moção de censura ao Governo francês foi anunciada depois de ter sido apresentado o orçamento da Segurança Social para 2025, que o chefe do Executivo francês decidiu adotar sem votação parlamentar.