O presidente do Banco BPI deixou rasgados elogios ao governador Mário Centeno, e considera “positivo” se, em julho, for reconduzido pelo Governo como governador. Todavia, sublinha que o Banco de Portugal é uma instituição centenária e a estabilidade “não se deve a uma pessoa”.
“Aprecio bastante o atual governador e fez um bom trabalho. É um excelente economista, um grande agregador. Tem uma cabeça independente e tem feito intervenções incisivas sobre vários temas, os depósitos, o crédito à habitação, e teve um discurso estabilizador”, respondeu João Pedro Oliveira e Costa na conferência de imprensa de apresentação de resultados, onde foram apresentados os maiores lucros de sempre.
“Tem prestígio internacional e tivemos a ganhar até hoje de ter o professor Mário Centeno como governador. A sua continuidade seria algo positivo”, admitiu o responsável do banco detido pelo espanhol CaixaBank.
Porém, Oliveira e Costa sublinha que o Banco de Portugal é uma instituição centenária, “com a sua estrutura pesada”, “viveu com todo o tipo de pessoas”. “Penso que a estabilidade não se deve a uma pessoa. É como em relação ao BPI: hei de passar o testemunho, alguém virá depois de mim e o BPI continuará a ser uma fortaleça”.
“Se não for o professor Mário Centeno, cá estaremos para o receber. Se for, continuaremos no bom caminho”, acrescentou.
Iniciado em julho de 2020, com o Governo de António Costa, o primeiro mandato de Mário Centeno termina em julho deste ano. Centeno, que foi ministro das Finanças socialista, pode ser reconduzido, mas o Governo e os partidos que o sustentam (PSD e CDS) têm censurado o seu comportamento, acusando-o inclusive de ser usado pela “oposição”, limitando muito as perspetivas da sua continuidade. Aliás, a intenção é não reconduzir o governador desde o início do Governo, como o Expresso então noticiou. Os banqueiros veem a recondução com bons olhos.