Estas acusações foram feitas por Pedro Nuno Santos no parlamento, depois de Luís Montenegro, na quarta-feira, em horário nobre televisivo, a partir de São Bento, ter anunciado que o Governo vai aprovar hoje em Conselho de Ministros uma autorização de despesa de mais de 20 milhões de euros para a aquisição de mais de 600 veículos para PSP e GNR.
Perante os jornalistas, o líder socialista considerou que o tema da segurança "é demasiado importante para ser tratado da forma como foi pelo primeiro-ministro" na quarta-feira.
"Foi uma declaração de alguém que quer alimentar uma perceção de insegurança, prendendo cavalgar essa onda. Ora, um primeiro-ministro não alimenta perceções. Deve é antes executar políticas para resolver os problemas das pessoas. Um primeiro-ministro não é diretor da PSP, da PJ ou [comandante] da GNR", observou o secretário-geral do PS.
Para Pedro Nuno Santos, na quarta-feira, o país "assistiu a uma instrumentalização da imagem e dos resultados da investigação e das operações das forças de segurança".
"Um primeiro-ministro tem de garantir os meios e as condições para que as forças de segurança façam bem o seu trabalho e não instrumentalizar a sua ação para benefício da propaganda pessoal. Foi isso a que assistimos ontem [quarta-feira] ,mas em outros momentos mais importantes não tivemos direito a uma declaração do primeiro-ministro, como durante os tumultos na área Metropolitana da Lisboa, ou quando se registaram onze mortes ao longo da crise no INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica)", afirmou.
Em contraponto, de acordo com o secretário-geral do PS, "ainda recentemente houve declarações do primeiro-ministro a desvalorizar a perceção sobre a violência doméstica - esse um crime grave, um dos crimes que mais mata em Portugal".
"Aí, não tivemos direito ao peso e à solenidade da intervenção de um primeiro-ministro sobre o tema", rematou.
Na perspetiva do secretário-geral do PS, "um primeiro-ministro tem de revelar em cada momento sentido de Estado, sobretudo perante um tema com a dimensão da segurança".
"Mas não foi isso a que nós assistimos ontem [quarta-feira]. A declaração só não foi promotora de alarme social porque foi ridícula desse ponto de vista", sustentou.
Neste contexto, Pedro Nuno Santos advertiu ainda que as intervenções ao país dos líderes do executivo não devem ser "banalizadas".
"Ficámos todos em suspenso face ao que seria a razão da declaração e depois temos um primeiro-ministro a anunciar uma medida que já estava decidida desde fevereiro deste ano. Mas, muito mais grave, pretender apropriar-se da ação, da imagem das forças de segurança para benefício da sua propaganda pessoal.
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