
"Por volta das 20:15 desta noite [de sexta-feira], uma avaria na subestação de Diezmero provocou uma perda significativa de geração de energia no oeste de Cuba e, consequentemente, o Sistema Elétrico Nacional (SEN) caiu. O processo de recuperação já está em curso", anunciou o Governo cubano.
"Perante a inesperada desconexão do sistema elétrico nacional, já estamos a trabalhar incansavelmente para o restaurar o mais rapidamente possível", disse o primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz na rede social X.
As ruas de Havana estavam escuras e vazias, com a luz a vir apenas das janelas dos hotéis que tinham geradores. O serviço de internet foi também afetado.
Residentes nas províncias de Guantánamo, Artemisa, Santiago de Cuba e Santa Clara confirmaram ter sofrido apagões.
A agência estatal que regula o sector elétrico em Cuba tinha alertado no seu relatório diário que a procura nas horas de ponta seria de cerca de 3.250 megawatts, com um défice de cerca de 1.380 megawatts.
Ou seja, não possível fornecer eletricidade a cerca de 42% do sistema nacional de energia cubano.
Em algumas regiões do país, as falhas de energia diárias ultrapassaram as 20 horas por dia nas últimas semanas. A isto acresce a falta de combustível na ilha, necessário para alimentar a maior parte do sistema.
A complexa situação energética que aquele país das Caraíbas sofre há anos agravou-se nos últimos meses.
A crise deve-se sobretudo às repetidas avarias em centrais termoelétricas obsoletas, em funcionamento há décadas e com uma carência crónica de investimentos, e à falta de combustível devido à falta de divisas do Estado cubano para o importar.
Segundo várias estimativas independentes, o Governo cubano necessitaria entre oito mil milhões e dez mil milhões de dólares (entre 7,6 mil milhões e 9,5 mil milhões de euros) para reativar o sistema elétrico do país, um investimento fora do seu alcance, além de que qualquer solução só seria possível a longo prazo.
Cuba vive uma profunda crise económica com escassez de produtos básicos (alimentos, medicamentos, combustíveis), cortes prolongados de energia e inflação. Hoje, 80% do que é consumido é importado.
Em resultado, o país de 9,7 milhões de habitantes tem registado grandes fluxos de emigração. Em 2023, estima-se que pelo menos 300 mil cubanos saíram do país.
O Governo cubano espera que o produto interno bruto cresça 1% em 2025, após dois anos consecutivos de contração.
As autoridades iniciaram um programa para instalar parques fotovoltaicos e prometeram que 55 parques de fabrico chinês estarão prontos este ano, produzindo 1.200 megawatts, ou 12% do consumo total.
Os apagões provocaram manifestações antigovernamentais em 2021, 2022 e 2024.
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