A futura comissária Maria Luís Albuquerque pediu este sábado que se apoiem os candidatos de Portugal às instituições europeias, e acusou o anterior Governo de não lhe ter dado apoio político para um cargo de supervisão em 2021.
Maria Luís Albuquerque foi hoje a oradora convidada do último jantar-conferência da Universidade de Verão do PSD, iniciativa de formação política de jovens em que participa pela quarta vez.
A antiga governante afirma estar entusiasmada com o novo desafio e espera que a experiência como ministra das Finanças a ajude em tempos difíceis.
Esta foi a primeira intervenção pública da antiga governante desde que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou que Portugal iria indicar o seu nome para o cargo de comissária europeia, escolha que críticas de toda a esquerda, incluindo de várias figuras do PS, que associaram a antiga governante ao período da austeridade e da 'troika'.
"Se há coisa que o nosso país precisa de se empenhar é em apoiar portugueses para ocuparem posições de maior relevo para instituições europeias (...) É preciso pensar primeiro que é o candidato de Portugal e depois pensar se é o candidato do partido que calha estar ou não do Governo, primeiro é o candidato de Portugal", defendeu hoje Maria Luís Albuquerque.
A este propósito, deu o seu exemplo pessoal quando, em 2021, concorreu a um cargo para presidir ao supervisor europeu dos mercados e acabou por perder quando a escolha se resumia a três candidatos, depois de um longo processo de seleção.
"Um italiano, uma alemã e uma portuguesa. O impasse arrastou-se por mais de seis meses, porque a Itália e Alemanha tinham uma minoria de bloqueio. Nestas circunstâncias, muitas vezes a solução é ir para o terceiro candidato. Para isso, é preciso ter apoio político e eu não tive", disse, numa crítica implícita dirigida ao anterior executivo do PS liderado por António Costa, futuro presidente do Conselho Europeu.
Questionada por um dos "alunos" da Universidade de Verão se tem preferência pela uma pasta que irá ocupar na futura Comissão Europeia, respondeu afirmativamente: "Tenho, mas não vou partilhar", disse.
Vários dos participantes elogiaram a atuação de Maria Luís Albuquerque no Governo 2011-2015 liderado por Pedro Passos Coelho, a quem a antiga governante deixou palavras de elogio.
"Eu diria que o país reconheceu Pedro Passos Coelho: nós ganhámos as eleições em 2015", disse, numa resposta muito aplaudida pela audiência.
A antiga governante considerou também que "as medidas mais duras, mais impopulares", mas "mais necessárias à recuperação" no período da "troika" foram tomadas antes de assumir a pasta das Finanças, em 2013.
"O ano de 2012 foi um 'annus horribilis'", reconheceu.
Maria Luís Albuquerque admitiu ainda que tem preferência pela pasta que irá ocupar enquanto comissária europeia. No entanto, a antiga ministra preferiu não revelar qual.