O dinheiro é colocado em depósitos em vez de ser investido em "títulos ou obrigações que dão melhor retorno", salientou Isabel Ucha, num painel na conferência "Transformar a Economia de Portugal através da Sustentabilidade e da Inovação", organizada pelo Financial Times, em Lisboa.

"Enquanto indivíduos, os europeus têm uma vida financeira menos gratificante do que os cidadãos americanos", apontou a responsável.

Neste contexto, o dinheiro é deixado nos depósitos e os bancos praticamente não investem, pelo que a "maioria do capital disponível para as empresas é na forma de dívida, o que leva a alavancagem excessiva, o que vimos em muitas empresas, principalmente portuguesas", destacou.

Isabel Ucha salientou ainda que a dívida não é o instrumento mais adequado para investir na inovação e no ESG (práticas ambientais, sociais e de boa governança das empresas), pelo que as empresas crescem menos porque o crescimento, na maioria das vezes, "envolve muito risco". "Falta-nos capital de risco", sublinhou a responsável.

Cristina Casalinho, administradora executiva da Fundação Calouste Gulbenkian e ex-presidente do IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e Dívida Pública, também neste painel, concordou salientando que "as pessoas deixam as poupanças nos depósitos porque não há uma indústria de fundos de pensões desenvolvida na Europa".

Além disso, também não há uma "cultura de tomada de risco", como existe em outros locais, argumentou.

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