Se há uma coisa que eu gosto é que me contem histórias e se as histórias forem bem contadas, melhor ainda. E se há algo em que a DS Automobiles é boa é a criar narrativas para ajudar a vender carros ou, pelo menos, para nos fazer gostar deles – o que também não é difícil.

Expresso

Já não é a primeira vez que o faz com grande elegância e imaginação (a última vez que o fez foi com o seu topo de gama DS 9) mas, desta vez, a narrativa criada para estes dois renovadíssimos DS 4 e DS 7 com associação ao escritor, ilustrador e aviador Antoine de Saint-Exupéry acho que foi bastante bem conseguida. O DS 3 também faz parte do pacote, mas não cheguei a tempo de o ensaiar devidamente em estrada.

Começando pelo DS 7, importa aqui dizer, desde logo, que o carro já não é novo, como é óbvio, pois trata-se de um modelo que já existe há alguns anos, mas a verdade é que foi completamente retocado, tanto ao nível do seu interior como do lado de fora - porque a cor também é especial para esta edição Antoine de Saint-Exupéry - e, realmente conta-nos uma história de conforto, tranquilidade e de segurança, em suma, de prazer de condução e, acima de tudo, de prazer de andar na estrada, o seu elemento natural.

Ao nível dos interiores está particularmente bem desenhado e forrado no seu tablier, especialmente do lado do passageiro, com a continuação dessa textura, por assim dizer, desse desenho pespontado, até ao forro da porta, sendo que também acontece o mesmo na porta do lado do condutor, obviamente.

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Os pespontos sobressaem mas de forma algo discreta e bonita. Os estofos dos bancos remetem, lá está, para a bracelete do relógio analógico, com ponteiros, o que é já um dos ex-libris da marca, que pontua ali bem no centro do tablier deste DS7 – e acontece o mesmo no DS4.

E tem a sua graciosidade, de cada vez que se liga o motor, vermos o relógio a desdobrar, como se se estivesse a abrir uma caixinha mágica aqui mesmo à nossa frente.

Agradou-me a forma simples e percetível como está desenhado o ecrã tátil que, para meu gosto pessoal, é acompanhado de alguns botões físicos agregados à sua parte inferior.

Também gostei da maneira simples como foram colocados alguns comandos aqui nos aros do volante, sendo o volante, em si mesmo, lindíssimo, achatado em baixo, o que remete sempre para um certo ar desportivo, e permite uma excelente visibilidade para o painel de instrumentos, ao contrário de alguns modelos de outras marcas do grupo (Stellantis) que às vezes interferem precisamente com a visibilidade desafogada do painel de instrumentos.

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Nota positiva para o desenho da consola central, adornada com uma sucessão de botões estilizados de um lado e do outro, que à partida parecem confusos, mas é uma questão de hábito. Servem para a abertura das janelas e eu confesso que ainda tive a tendência de ir com a mão esquerda à procura deles no encosto da porta para subir e descer os vidros.

Ainda na consola, destaque para os vários recantos para arrumações, recarregamento de telemóveis, e tem também um pouco mais atrás um pequeno alçapão que se abre e que dá para guardar bastantes coisas.

E, lá está, o conforto e a elegância dos pormenores em geral recebem nota positiva, porque nada foi deixado a caso. A DS esmerou-se e construiu aqui muito mais do que uma narrativa à volta de Antoine de Saint-Exupéry, o nosso contador de histórias do conhecido livro ‘O Príncipezinho’.

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Esta associação ao escritor e aviador, no fundo transporta-nos para o ambiente das viagens mas, como já ficou sublinhado atrás, com muito conforto a bordo e muita tranquilidade.

Aliás, estamos a falar de um híbrido, e importa referir isso precisamente, porque tem consumos bastante agradáveis na casa dos 6 litros por cada 100 quilómetros.

Claro que , sendo um SUV, e passando para o modo de quatro rodas motrizes o consumo aumenta um pouco e salta facilmente para os 8 litros/100 km, ou até mais um pouco, consoante a nível de exigência do terreno escolhido para o passeio.

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De novo no exterior do carro, há duas ou três particularidades que me chamaram a atenção em termos de design. Estou a referir-me sobretudo à óticas traseiras que têm uma assinatura luminosa lindíssima, discreta, e ali ao centro da bagageira destaca-se o nome DS Automobiles estilizado.

E também há um outro pormenor que já é uma imagem de marca, e que é precisamente a assinatura luminosa dianteira do carro, que se estende a partir dos faróis na vertical, com aqueles riscos em forma de boomerang por ali abaixo, até à parte inferior do para-choques praticamente, de um lado e do outro. Gera um impacto muito bonito, e algo disruptivo, pouco usual.

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Espaço interior é algo que não falta no DS7. Os bancos de trás dispõem de muito espaço para as pernas, sendo que para três pessoas é um bocadinho apertado, talvez menos aconselhável para viagens longas.

A bagageira é bastante generosa, mais do que eu imaginava e portanto nada a apontar também nesse aspeto.

Para mim, o único grande senão, neste belíssimo SUV 4X4, de 300 cavalos de potência é o preço: 68 925 euros. Confesso que esperava valores mais acessíveis, mas as coisas são como são e, lá está, o mercado é como é. Só compra quem quer – ou quem pode. Mas, quem pode, ficará seguramente bem servido.

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Elegante, discreto e subtil: eis o DS4

Começo já a descrição deste carro com uma declaração de interesses: adoro este DS4 E-Tense. Está dito.

Tem tudo o que se pretende num carro. Linhas fluidas, bem desenhadas, um interior super confortável, consumos bastante em conta (entre os 4,5 e os 5 litros/100 km), seguro na estrada e vem carregado de pormenores de uma sensibilidade extrema, de uma subtileza e de uma beleza de design em geral muito bem conseguidas.

Não obstante, tenho de dizer que há aqui dois detalhes que não me atraíram particularmente. Desde logo, o curto espaço nos bancos de trás, especialmente para as pernas.

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Foi um pormenor que me chamou logo a atenção até porque, aliás, é perfeitamente visível. É evidente que se podem transportar aqui dois adultos, perfeitamente, mas o espaço para as pernas não é, seguramente, agradável para grandes viagens para duas pessoas adultas de estatura média.

Outra coisa que me prendeu a atenção pela negativa é dificuldade em conseguir abrir as portas com estes puxadores que parece que nem sempre funcionam de forma eficaz. Mas, enfim, é um pormenor ao qual, se calhar, com o tempo vamos começando a desvalorizar.

Tal como no seu irmão DS7, apresenta pequenos pormenores exteriores absolutamente deliciosos, dos quais destacaria as óticas traseiras. Por falar da parte de trás do carro, de notar que tem uma bagageira com um espaço fantástico para o carro que é – bastante mais pequeno que o DS7.

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A frente apresenta-se com um certo ar agressivo mas, ao mesmo tempo, subtil. Aliás, há muitas subtilezas neste carro. Eu diria que é difícil arranjar aqui argumentos para não gostar de quase tudo.

Terminaria com uma avaliação global muito positiva, pois é um carro excelente para viagens, de uma suavidade e de um conforto extremos, super bem insonorizado no seu interior, muito tranquilo, deveras bonito, ou seja, não há praticamente defeitos a apontar.

Também gostei da forma subtil e discreta como estão colocados alguns botões físicos por baixo do ecrã central, acho que está muito bem conseguido. E não há muito mais a acrescentar a não ser proporciona muito boas prestações, e gostei daqueles coices quando se seleciona o moto desportivo e se acelera mais um bocadinho.

Expresso

Parabéns à DS por esta edição limitada dedicada a Antoine Saint-Exupéry e que a imaginação e a capacidade de contar histórias através dos carros que constroem nunca falte aos engenheiros e aos designers da marca francesa. Já o preço, 53 200 euros, acho que destoa no meio desta simpática sinfonia sobre rodas.