O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) desconvocou este domingo a greve marcada para este mês na empresa de 'handling' SPdH/Menzies (antiga Groundforce), justificando a decisão com a "assinalável mudança de postura" da direção.

Em comunicado, o CIMA desconvoca a greve e informa que vai participar numa reunião, mediada pela Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), prevista para 6 de maio, para "renegociar o protocolo de entendimento", entre outras questões.

Lembrando "a jornada de luta longa" que estava prevista para este mês, o sindicato justifica a decisão com a "assinalável mudança de postura por parte da SPdH", pois parece haver "uma lufada de ar fresco no bafio que se tem verificado até agora".

"O SIMA não tem, nem terá quaisquer tipos de teimosias e tudo fazemos e faremos para que as condições de trabalho sejam melhoradas, bem como a legalidade dentro desta empresa seja reposta", sublinha.

Esta estrutura sindical "assume-se como o único e verdadeiro sindicato nesta empresa", salientando que "o único interesse" que defende "é o dos associados e trabalhadores" e os seus representantes não se reveem em ser "porta-vozes do patrão".

Greves iriam até ao início de maio

A empresa SPdH/Menzies, que presta assistência em terra nos aeroportos portugueses, tinha uma greve de tempo integral marcada para os dias 18, 19 e 20 deste mês e parcial entre o dia 21 de abril e 02 de maio.

Quando foi anunciada, em meados de março passado, a entidade sindical justificou a greve por a "gestão da SPdH SA (empresa de 'handling' intervencionada pela Menzies Portugal com 50,01% do capital social) se recusar ao diálogo, praticamente com todos os sindicatos, excetuando dois".

O SIMA defende que a "SPdH SA tem congelados há mais de 21 anos os subsídios de turnos, intempérie e as anuidades de antiguidade nas carreiras" e que "não cumpre intencionalmente, e na íntegra, o plano de recuperação aprovado em setembro de 2023 no Tribunal do Comércio de Lisboa".

Segundo o mesmo sindicato, a empresa "ainda não pagou grande parte dos créditos reconhecidos e aprovados no Tribunal de Comércio de Lisboa" e "interrompeu unilateralmente o plano de rescisões amigáveis, de um dia para o outro, onde se verificavam casos em que só estavam a faltar as assinaturas em tais acordos".

Além disso, alega que "apenas saíram 140 trabalhadores" no âmbito das rescisões amigáveis, tendo chegado ao seu conhecimento a possibilidade de terem existido saídas de trabalhadores não inscritos no programa.

Uma vez que consideram que "há um retrocesso comunicacional, tendo voltado ao tempo da imposição simples, do não diálogo, e das frases feitas baseadas no vazio", o SIMA diz ser "obrigado a ter que recorrer a esta forma de luta com objetivos do acesso e direito ao trabalho digno, com pagamento justo e com o normal diálogo com todos os 'players'", lê-se no mesmo comunicado.

Fonte oficial da Menzies garantiu então à Lusa que, "no âmbito do plano de recuperação, e após uma avaliação detalhada de todos os ativos, equipamentos e trabalhadores da empresa, foram identificadas várias funções para redundância", acrescentando que "aproximadamente 160 colaboradores aceitaram uma proposta de rescisão por mútuo acordo e 10 funções de apoio administrativo foram identificadas como redundantes".

O que aconteceu à Groundforce?

A TAP pediu em 2021 a insolvência da Groundforce, num processo cuja lista provisória de credores apontava, nessa altura, para cerca de 154 milhões de euros em dívidas. Posteriormente, segundo o plano de insolvência, as dívidas reconhecidas fixaram-se em 136,2 milhões de euros.

A Menzies prevê um investimento inicial de 12,5 milhões de euros na Groundforce.

O plano de insolvência prevê que a TAP se mantenha acionista da empresa de 'handling', com 49,9% do capital, numa fase inicial, cabendo o resto do capital à Menzies Aviation.