Os credores da Inapa aprovaram esta sexta-feira as propostas que constavam no relatório do administrador de insolvência, para a venda da Inapa Packaging por 20 milhões de euros e da Inapa France por 25 milhões de euros.
Na assembleia de credores da Inapa realizada hoje, em Sintra (Lisboa), para apreciar o relatório do administrador de insolvência, foi dada autorização para a "venda pela Europackaging de 100% das participações sociais no capital da Inapa Packaging SAS e, consequentemente e de forma indireta, das suas subsidiárias SEMAQ – Societé D`Emballage et de Manutention D`Aquitaine e Embaltec SAS, pelo valor de 20.000.000 de euros, à sociedade Next Pack, SAS".
Esta proposta foi aprovada pela grande maioria dos credores, tendo apenas um voto contra e a abstenção do Santander, Bankinter e April.
Foi também aprovada a proposta para a "aquisição por uma sociedade do grupo JPP à Inapa IPG das ações representativas de 100% do capital social da sociedade de direito francês Inapa France, S.A.S. e, indiretamente, a aquisição de 100% do capital social da sociedade JJ LOOS, S.A.S.", tendo sido concedido um prazo de 30 dias para negociação exclusiva com a JPP para esta potencial transação, sendo que a distribuição dos votos foi a mesma.
É de salientar que esta transação com o grupo japonês Japan Pulp and Paper (JPP), que terá de ser negociada para "conformar os exatos termos da potencial transação”, está "sujeita às autorizações necessárias".
Além disso, recebeu 'luz verde' a proposta do administrador de insolvência para a "manutenção da atividade do estabelecimento da insolvente na esfera do administrador da insolvência, sem que se veja determinada a suspensão da liquidação do ativo (para se prosseguir as diligências tendentes à venda das participações sociais e de outros ativos detidos pela Inapa IPG)".
A Inapa apresentou o pedido formal de insolvência em 29 de julho, junto do Juízo de Comércio do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste, e a sentença de declaração de insolvência foi proferida em 01 de agosto, tendo Bruno Costa Pereira sido nomeado administrador de insolvência.
A decisão surgiu na sequência da insolvência da subsidiária alemã Inapa Deutschland, devido a "uma carência de tesouraria de curto prazo" no montante de 12 milhões de euros para a qual não foi encontrada "solução de financiamento no prazo estabelecido de acordo com a lei alemã", explicou na altura o grupo empresarial.
Face aos "impactos imediatos que a apresentação à insolvência da Inapa Deutschland terá na Inapa IPG, o Conselho de Administração da Inapa IPG reuniu e analisou a sua situação financeira, tendo concluído pela consequente e iminente insolvência da Inapa IPG" e decidido "apresentar a Inapa IPG à insolvência nos termos da lei portuguesa".
A assembleia de credores realizada hoje aprovou todas as propostas feitas pelo administrador de insolvência, incluindo a determinação de o incumbir de apresentar um plano de insolvência caso não sejam encontradas soluções para os restantes ativos para os quais não foram feitas propostas, no prazo de 90 dias.
Perante questões de um dos credores sobre a necessidade deste plano, o administrador explicou que "pode ter de equacionar um plano de rentabilização de ativos", já que, "se não conseguir encontrar propostas para certas geografias, pode ter de se propor outras soluções".
Foi também decidida a criação de uma comissão de credores, por forma a agilizar decisões que sejam necessárias ao longo deste processo, que vai contar com vários representantes, nomeadamente dos maiores credores, BCP e Novobanco.
Fundado em 1965 e líder em Portugal na distribuição de papel e embalagens, o grupo Inapa tem como principal acionista a empresa pública Parpública, com 44,89% do capital social, enquanto a empresa Nova Expressão tem 10,85% e o Novo Banco 6,55%. O restante capital está disperso.