"O Canadá respondeu às tarifas americanas com a maior resposta da sua história", escreveu o ministro das Finanças, François-Philippe Champagne, acrescentando que "70% ainda estão em vigor".

Citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), o governante escreveu na rede social X que os relatórios e as críticas da oposição são "falsos".

A resposta do país que faz fronteira, a sul, com os Estados Unidos, aos direitos aduaneiros "foi calibrada para responder aos Estados Unidos, limitando os danos económicos para o Canadá", explicou hoje o seu gabinete à AFP.

A redução tarifária foi concedida por um período de seis meses para dar a algumas empresas canadianas "mais tempo para ajustar as suas cadeias de abastecimento e se tornarem menos dependentes dos fornecedores americanos", disse a porta-voz do ministro, Audrey Milette.

O primeiro-ministro Mark Carney, eleito em 28 de abril com a promessa de que enfrentaria o vizinho americano, instituiu direitos aduaneiros sobre milhares de milhões de dólares em produtos importados dos Estados Unidos, em resposta aos impostos criados por Donald Trump.

Durante a campanha eleitoral, os fabricantes de automóveis receberam uma suspensão temporária, desde que mantivessem a produção e os investimentos no Canadá.

Essa medida foi anunciada em 7 de maio na Gazeta do Canadá, o jornal oficial do governo e, ao mesmo tempo, foi concedida uma pausa nos direitos aduaneiros sobre produtos utilizados na transformação e embalagem de alimentos e bebidas, saúde, indústria transformadora, segurança nacional e segurança pública.

No final, as isenções abrangem tantas categorias de produtos que os analistas da empresa especializada Oxford Economics estimaram, num relatório publicado esta semana, que os direitos aduaneiros aplicados nos Estados Unidos foram, na prática, reduzidos a "quase zero".

O líder da oposição, o conservador Pierre Poilievre, não perdeu a oportunidade de usar este relatório para acusar Carney de ter "discretamente reduzido os direitos aduaneiros de retaliação para 'quase zero' sem dizer a ninguém".

De acordo com a porta-voz do ministro das Finanças, o Canadá continua a aplicar direitos aduaneiros sobre cerca de 43 mil milhões de dólares canadianos (27 mil milhões de euros) em produtos americanos.

O país de 41 milhões de habitantes envia três quartos das suas exportações para os Estados Unidos, e os direitos aduaneiros impostos por Trump já estão a prejudicar a economia canadiana, de acordo com o último relatório sobre o emprego.

Trump impôs ao Canadá direitos aduaneiros gerais de 25% e impostos setoriais sobre automóveis, aço e alumínio, mas suspendeu alguns deles enquanto aguarda negociações.

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