
As ações da empresa na Bolsa de Valores de Hong Kong moderaram a queda para 3,65%, por volta das 12:00 locais (05:00 em Lisboa).
As oscilações bolsistas da CK Hutchison surgem na sequência de informações segundo as quais a assinatura do acordo de venda dos portos panamianos de Balboa e Cristobal - bem como de 41 outros controlados pelo grupo em mais de 20 países - poderia ser adiada para além de quarta-feira, a data inicialmente prevista.
A operação, avaliada em cerca de 23 mil milhões de dólares (cerca de 21,258 mil milhões de euros), prevê a transferência dos portos para um consórcio liderado pela gestora de ativos norte-americana BlackRock.
O negócio foi descrito pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como uma recuperação do Canal face ao que descreveu como "controlo chinês" da infraestrutura.
Na sexta-feira, o regulador de valores mobiliários da China anunciou uma revisão do acordo "para proteger a concorrência leal no mercado e proteger o interesse público".
Uma conta nas redes sociais afiliada à televisão estatal da China CCTV comparou o acordo a "entregar uma faca ao seu rival" numa mensagem apagada minutos depois, mas que foi interpretada pela imprensa internacional como um novo aviso de Pequim através de meios oficiais.
Jornais de Hong Kong vistos como próximos de Pequim avisaram anteriormente que as empresas que colaboram com os EUA "não terão futuro, não importa quantos negócios e dinheiro consigam", e exigiram o cancelamento da venda por "prejudicar a segurança nacional".
O Departamento de Estado norte-americano afirmou na sexta-feira estar ciente do descontentamento de Pequim relativamente ao acordo e disse não estar surpreendido.
Com 145 dias para negociar os termos finais do acordo, não é claro nesta fase se a assinatura será apenas adiada ou finalmente cancelada. Uma vez expirado esse prazo, a CK Hutchison recuperará o direito de vender os ativos a outros potenciais compradores.
O negócio foi descrito pelos analistas como uma jogada lucrativa do veterano empresário Li Ka-shing - o homem mais rico da antiga colónia britânica e o oitavo mais rico da Ásia - e, ao mesmo tempo, uma forma de apaziguar Trump, algo que provocou descontentamento nas autoridades chinesas.
Durante anos, Li foi considerado uma figura próxima de Pequim graças à boa relação com líderes chineses como Deng Xiaoping (1978-1989) e Jiang Zemin (1989-2002), mas a imprensa internacional nota que nos últimos anos, sobretudo após o aumento do controlo chinês sobre Hong Kong depois dos protestos de 2019, a relação com o Governo central azedou.
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