
Por vezes, 15 minutos bastam. E por isso fica a pergunta de porque é que o Sporting de Rui Borges não pode ser o Sporting do início da 2.ª parte, em que marcou o único golo da vitória frente ao Santa Clara e esteve perto de encaixar mais remates. Foi um Sporting reverso o que se apresentou pressionadíssimo em São Miguel, depois de perder a liderança para o Benfica na última jornada. A entrada não foi boa, mas houve reação. Ainda assim, nunca o jogo esteve verdadeiramente controlado perante uns açorianos com muito mérito na forma truncaram qualquer veleidade aos leões na 1.ª parte.
Desta vez, e ao contrário de tantos outros jogos desta temporada, o Sporting começou mal e melhorou, uma espécie de leão reverso, que reagiu bem à estratégia inicial mal calculada por Rui Borges. Apostando desta vez em Fresneda para a ala direita, o campeão nacional caminhou alegremente para a teia de linhas juntas tecida por Vasco Matos. Perante a falta de espaços, houve lançamentos em barda para um espaço nas costas inexistente, tentativas de jogar em profundidade falhadas. O cerco a Gyökeres deixou o sueco à míngua de bolas, com fome de golos. E, no banco, Quenda, um dos poucos fantasistas.
A jogar a favor do vento, só os remates de meia-distância colocaram o Sporting mais perto do perigo nos primeiros 45 minutos, opção que os leões demoraram a descortinar. Debast, num livre direto, Trincão e, já nos descontos, Geny, tentaram a sua sorte e não ficaram longe, numa 1.ª parte praticamente sem ações nas duas áreas. Faltou velocidade, ideias ao Sporting. E leitura do que se estava a passar.
Rui Borges confiaria nos mesmos para iniciar a 2.ª parte e aqueles primeiros minutos dar-lhe-iam razão. Fresneda arriscou mais, Trincão baixou para procurar a ligação que sempre faltou na 1.ª parte. O Sporting era mais rápido e mais intenso. O Santa Clara, também com direito a acreditar, subiu linhas. E num dos únicos erros defensivos dos açorianos, o Sporting aproveitou. Aos 51’, Fresneda recuperou a meio-campo, deixando, desde logo, o Santa Clara completamente desequilibrado e o Sporting finalmente com espaço para progredir. Trincão, de pé direito, meteu um passe perfeito para a arrancada de Geny na meia direita, com o moçambicano a ler bem a saída de Gabriel Batista para marcar.
Lá de falta de eficácia não se podia acusar o Sporting.
Seriam os melhores momentos do Sporting, estes 15 minutos iniciais. O golo de Geny abriu o campo e aos 65’ Gyökeres rematou ao ferro após cruzamento de Fresneda, após boa abertura de Debast, este sábado um bons furos acima do jogo de segunda-feira com o SC Braga. Minutos depois, o belga ofereceu o 2-0 a Diomande com um livre marcado com a classe da subtileza, mas o central estava ligeiramente adiantado.
Como o relator nem sempre tem razão, a entrada de Quenda não melhoraria a equipa, numa altura em que Fresneda subia de nível. O jogo, com os minutos, tornar-se-ia mais confuso, com o Sporting, agora sim como em outros jogos, a não conseguir controlar o adversário, mais uma vez com dificuldades em manter uma posse consistente. Os últimos minutos, já com Pote em campo, de volta aos relvados cinco meses depois, seriam de algum sufoco, ainda que sem verdadeiro perigo da equipa da casa.
Os ânimos exaltados logo após o apito final dizem bem da importância desta vitória para a equipa de Rui Borges, não sem sofrimento. Mas, pelo menos, de menos para mais.