
Aprendi, com George Sand, que «a memória é o perfume da alma» . E aprendi com o Benfica, a instituição Benfica, a respeitar e a honrar a memória. Desde logo do saudoso Senhor meu Pai, que presidiu ao centenário Viseu e Benfica e ajudou, é substancialmente, num silêncio que sempre respeitei, o andebol do Benfica. E com ele aprendi, naquele momento de história oral, a tragédia de Superga, a colina perto da Basílica do mesmo nome, onde num terrível desastre aéreo faleceram todos os jogadores do Torino.
Equipa que regressava de Lisboa, com escala em Barcelona, depois de um jogo no Estádio Nacional contra o Benfica. Sempre que vou a Turim - e já fui várias vezes - subo, naquela estrada sinuosa, a Superga, visito a Basílica, olho respeitosamente para os cachecóis- e alguns de diferentes momentos do Benfica! - de diferentes cores, recordo D. Maria Pia de Sabóia - esposa do nosso Rei D.Luís - e o seu profundo sentido social - «A Mãe dos Pobres» - e, por excelência, encho a minha alma benfiquista ao homenagear aqueles que constituiam a «Grande Torino»!
O Benfica, o Benfica instituição, sempre que vai a Turim sobe a colina e deposita uma coroa de flores em Superga. E lá no alto, muitas vezes com nevoeiro, recorda, com a coroa que deposita, um momento dramático. Com a consciência, como escreveu o Papa Pio XII, que estamos perante um dos «panoramas mais belos da Europa».
Para mim sempre que ali subi recordei o saudoso Senhor meu Pai e assumia que o Benfica estava presente, que o Benfica, e os benfiquistas, têm memória, o Benfica, o Benfica instituição, respeita a memória. E partilha a dor! É essa dor, com memória sempre presente, que aqui recordo sabendo bem que ela é «o perfume da alma«. Da nossa Alma!